Uma das recorrentes reclamações da torcida do Cruzeiro se refere às categorias de base do clube e o rendimento apresentado pelos departamentos, tanto em revelação de atletas quanto de resultados nos principais torneios do Brasil e também do mundo. O momento de pandemia mexe com a dinâmica do setor, diretamente impactado. O sub-20 do Cruzeiro, por exemplo, voltou a jogar depois de um ano sem atividades.
"Desde que eu entrei, existe uma coisa chamada Covid, muita gente morrendo por isso por causa disso. A gente vê que categorias inferiores não estão treinando, não tem torneio. Eu sou cobrado às vezes 'ah, quero ter oportunidade no Cruzeiro e não consigo'. Não consegue por isso, até por questões locais. BH, especificamente, é uma das cidades que ficou fechada por mais tempo, as restrições aqui são até maiores que em outras cidades. Então realmente temos, sobretudo nas categorias inferiores, sub-15, sub-14, um congelamento por causa disso. No sub-17 e sub-20, eles já estão tendo competições. A gente sabe que o resultado é de médio prazo. Não é nosso objetivo. Tanto é que eu pergunto: quantos títulos de base que o Neymar ganhou? Nenhum. Pois é. Nosso objetivo não é ganhar título na base, quero ter Neymares", declarou o dirigente, que reforçou sua opinião sobre a paciência que o torcedor precisa ter em relação ao processo que vem sendo feito na Toca da Raposa I.
"Por isso que eu trabalho perfil de jogador, psicológico de jogador, hoje o Cruzeiro tem mais assistente social, tem mais pedagogo, tem uma estrutura melhor para os atletas. Mas esse resultado não vai dar campeão brasileiro de sub-17 agora. Ele vai render bons jogadores para frente. Tanto que no time do Felipe agora, nós temos 34 jogadores, 17 jogadores vieram da base de alguma forma e outros recém-aproveitados do tempo que nós estamos aqui. Tem que saber dar esse trato e não fazer o que se fazia antes. Quando a gente chegou, eu tinha um jogador que nunca havia jogado no profissional do Cruzeiro, que a gente teve que emprestar e que ganha mais do que os jogadores que trouxemos agora. Então, temos que ter atenção total, estamos em cima, e tenho certeza que no médio prazo isso vai dar certo, mas temos que entender o momento que a gente vive e como isso vai trabalhar", complementou o presidente do Cruzeiro.
Perda de jogadores da base para o Atlético?
Na mesma entrevista, o presidente comentou sobre a ida dos atacantes Victor Alex e Lucas Pessoa, que estavam na base do Cruzeiro, para o Atlético. Sérgio salientou que a Raposa não perdeu jogadores da base para o rival, mas, sim, liberou os meninos dentro dos critérios de aproveitamento. Eles não seriam mais utilizados.
"Quando se fala de base, o ambiente político eclode muito. A gente sabe, é o empresário que é amigo de um portal, tem gente que passou pelo Cruzeiro e saiu e é empresário de jogador de base. Então vem cobrando muita coisa de base que não condiz com a realidade. Outro dia falaram que a gente perdeu x atletas para o Atlético. Nós dispensamos porque a gente quis. Desses, o Atlético contratou alguns. Ótimo. Como eu também contratei alguns que saíram de lá", apontou o presidente, que logo na sequência fez questão de destacar alguns nomes que contratou para a base, como o atacante Vitor Leque, que estava no Atlético Goianiense e veio para as categorias inferiores do clube.
"A parte de elogiar poucos querem, mas eu tenho no meu ataque hoje um jogador (Vitor Leque) que era profissional do Atlético Goianiense, fez gol na Série A, saiu de lá para jogar na base do Cruzeiro. Eu tenho um atleta que era profissional do Paysandu. Tenho um lateral-direito, que trouxemos agora, que fez base no Palmeiras e era da seleção brasileira. Vai ser natural perder ou ganhar. Mas, infelizmente, querem destacar mais os que saíram e chamam de perda. Não foi perda. Foi opção técnica nossa, que não queríamos mais eles aqui. E pode dar certo em outro clube? Pode. Não tem problema. Quem não conhece a história do Cafu? É a vida", justificou Sérgio Santos Rodrigues.
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