A incerteza marca a semana que antecede o segundo Dia das Mães durante a pandemia, celebrado no próximo dia 9. A crise econômica, o grande número de infectados por Covid, a indefinição sobre o funcionamento de restaurantes no domingo e o lento ritmo da vacinação são alguns fatores que podem fazer a diferença no volume de vendas.
Para o professor de economia e finanças do Centro Universitário UNA Cleyton Izidoro, este será o Dia das Mães das lembrancinhas. Dificilmente as pessoas deixarão de presentear, mas terão de escolher opções que cabem no bolso em um momento de crise econômica sem precedentes. “Os lojistas comemoram poder abrir nesse momento, mas dificilmente vão conseguir resolver o prejuízo acumulado”, afirma.
A tendência será os filhos buscarem por alternativas criativas ou peças que visam o conforto, já que ainda estamos em um contexto de isolamento social. “Deve haver procura no setor de roupas, mas consigo visualizar melhores vendas para quem aposta no conforto ou em pijamas. Entre os calçados, a procura deve ser maior sobre chinelos e tênis”, estima Izidoro.
A empresária Camila Bitencourt, do buffet Fora do Comum, não sabe ainda como será a procura por produtos dedicados à data durante esta semana. Ela tem propostas que vão do café da manhã ao almoço completo, mas sente que os pedidos devem ficar para a última hora, pois muita gente ainda não decidiu se vai realizar uma reunião familiar ou se a data será comemorada à distância. O atraso na segunda dose da Coronavac em boa parte do Brasil é um fator que pode ter feito alguns brasileiros desistirem do sonhado almoço com a mãe.
Esse cenário de incerteza deixa o empresário inseguro na hora de adquirir os insumos. “O problema é que não temos dinheiro em caixa e comprar demais pode arrebentar com as contas. Se não vender e o estoque ficar parado, acaba sendo um prejuízo muito grande”, explica a empresária.
Como o quinto dia útil cai nesta sexta-feira, 7 de maio – apenas dois dias antes do domingo dedicado às mães –, a tendência é que a compra dos presentes fique para a última hora. Mesmo assim, a Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL/BH) é otimista e estima que a data deve injetar R$ 1,97 bilhão na economia da capital mineira.
Uma pesquisa feita pela entidade indicou que 72% de 200 moradores entrevistados pretendem comprar presente para a mãe. Os itens mais citados foram roupas (46,9%), perfumes/hidratantes (28%) e calçados (17,5%).
As compras farão muito bem para a economia no momento, mas o coordenador do site Mercado Mineiro, Feliciano Abreu, recomenda que as pessoas não façam dívidas e comprem à vista. “Este é um momento muito incerto, ninguém sabe se ficará desempregado no mês seguinte”, alerta.
EMPRESA APOSTOU NA VARIEDADE DE KITS
A confeitaria Maricotta foi inaugurada em janeiro do ano passado com a intenção de atender presencialmente seus clientes. Mas assim que a quarentena foi determinada, a empresa teve de se adaptar e passar a oferecer produtos interessantes para delivery.
No Dia das Mães de 2020, a loja foi surpreendida com uma alta procura por seus produtos. “Ano passado, todo mundo foi pego de surpresa, era um momento muito atípico. Montamos os kits para a data e tivemos até que recusar alguns pedidos. Agora nos programamos melhor, estamos com um cardápio bem elaborado para atender quem ainda não pode se encontrar com a mãe”, diz o empresário Vítor Castro Martins.
Dessa vez, a Maricotta aposta em uma variedade de opções, que vão de bolos a kit de sabonetes. “E também oferecemos diferentes faixas de preços, para que as pessoas tenham opções dentro de suas possibilidades”, adianta.
O empresário conta ainda que a casa está preparada para receber os pedidos de última hora. “Nos deparamos muito com isso desde o início, muitas pessoas nos procuram para mandar um presente no dia. Sabemos que isso deve acontecer esta semana”.
NOVAMENTE, DATA NÃO SERÁ BOA PARA RESTAURANTES
Tradicionalmente, o Dia das Mães é muito bom para restaurantes. Mas novamente esse setor não deverá faturar na data comemorativa. Até o momento, os estabelecimentos não têm permissão da Prefeitura de Belo Horizonte para abrir as portas no dia 9 de maio. A decisão deve ser tomada somente após a reunião do Comitê de Enfrentamento à Covid na capital, na próxima quarta-feira.
Para Feliciano Abreu, economista do Instituto de Pesquisa Mercado Mineiro, mesmo que a permissão para funcionamento saia esta semana, o setor não deve ter grandes expectativas para a data. “Muitas mães já foram vacinadas, mas talvez elas não queiram almoçar fora para não expor os filhos ao risco. Muitos restaurantes devem fazer promoções, mas o ganho não será grande porque não vai haver muita circulação de clientes”, explica.
O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas (Abrasel-MG), Matheus Daniel, espera que o poder público permita a abertura dos estabelecimentos no domingo. Segundo ele, esses espaços podem ser mais seguros para encontros familiares do os próprios domicílios.
“O infectologista Carlos Starling (do Comitê de Enfrentamento à Covid em BH) disse que os encontros familiares são mais propensos à contaminação do que andar de ônibus. E os bares que seguem os protocolos devem ser colocados à disposição das pessoas”, afirma Daniel, lembrando que as regras não são tão rígidas nas cidades vizinhas. “Uma vez que as pessoas vão de toda forma se encontrar, é preferível que não fiquem todos indo para os bares de Nova Lima”.
Mín. 17° Máx. 24°