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'Bolhas' no ensino infantil em BH vão garantir segurança, afirma secretária

Turmas serão escalonadas e divididas em grupos pelas escolas para que não tenham interação entre si. Ensino presencial volta na próxima segunda-feira (26)

21/04/2021 às 09h08
Por: Redação Fonte: Mega Cidade com O Tempo
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Depois de 13 meses sem atividades presenciais, mais de 107.000 alunos com até cinco anos e oito meses devem retornar para as escolas públicas e privadas de Belo Horizonte a partir da próxima segunda-feira (26). Diante das novas variantes ainda mais transmissíveis e para evitar um novo aumento nos números da doença, a prefeitura municipal aposta na adoção de protocolos sanitários e no cumprimento das normas por todas as unidades de ensino. E uma das principais medidas são as chamadas bolhas ou células.

Esses termos geraram muitas dúvidas entre pais e responsáveis. Conforme a secretária municipal de Educação, Ângela Dalben, a estratégia significa uma divisão das turmas da educação infantil em subgrupos e vai garantir a segurança no ambiente escolar. A partir dessa divisão realizada pelas escolas, cada bolha terá um horário determinado para entrar e sair da unidade, além de fazer as atividades nas áreas comuns, sem nenhuma interação física. O número de alunos deve respeitar o tamanho das salas de aula e o distanciamento de dois metros entre cada um, incluindo o professor.

"O vírus ainda está aí, permanece, e nós precisamos encontrar uma forma para que possa abrir as escolas. E a única maneira que encontramos é uma medida em que teremos grupos de crianças com um professor, mas sempre isolados dos outros. É isso que a gente chama de bolha ou células", resumiu a dirigente. Com isso, cada unidade vai poder monitorar de perto qualquer sintoma, como febre ou coriza, entre as pessoas, incluindo até os membros da família. Caso isso ocorra, as atividades serão interrompidas até que um teste garanta que não há uma infecção pela Covid-19.

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"Isso vai exigir, por exemplo, dos responsáveis, que qualquer novidade que aconteça no dia a dia seja notificada à escola. Se alguma criança tiver uma febre, ou apareceu com coriza ou sintoma que seja de uma gripe, temos que controlar porque não queremos que essas sejam contaminadas por qualquer virose, mas também não desejamos que nenhum deles contamine outra bolha. É como se tivéssemos um isolamento social em grupos na escola", acrescentou. A mesma regra também vale para os professores, que serão exclusivos para cada bolha.

Segundo Ângela Dalben, é preciso que todos tenham disciplina e cumpram os protocolos com rigor, a exemplo do uso de máscaras e higienização constante das mãos, para que a reabertura tenha sucesso e ainda permita que outras idades retornem às atividades, de forma gradual. "Vamos ter horários fixos para que as crianças entrem nas escolas e os responsáveis vêm buscar. Se tem 15 minutos para determinado grupo sair ou chegar na escola, daqui 15 minutos outro grupo vai chegar e não queremos que eles interajam entre si", argumentou. Até a alimentação dos alunos sofreu alteração e as refeições devem ser enviadas para as salas de aula, preferencialmente no fim do turno escolar.

As regras definidas pela prefeitura serão adotadas tanto na rede pública quanto na particular. No caso das unidades municipais, a expectativa é que alunos com até três anos tenham atividades presenciais uma vez na semana e os demais por dois dias. "Desejamos que as escolas também não permaneçam com suas rotinas de muitos adultos frequentando. Por isso, estamos fazendo escalonamento das crianças. Um grupo de cinco ou quatro anos vai duas vezes, enquanto outros grupos vão em outros dois dias da semana, intercalando também com grupos que vão pela manhã ou à tarde", contou.

Retorno é facultativo

De acordo com a prefeitura, o retorno às atividades presenciais é facultativo e professores que fazem parte do grupo de risco vão permanecer em trabalho remoto. Por isso, o ensino híbrido continuará sendo ofertado em toda a rede, com atividades enviadas pelas escolas a partir da realidade de cada família. Em Belo Horizonte, a maioria das unidades já iniciou as adaptações desde o fim do ano passado e só aguardavam o aval para o retorno.

Porém, a flexibilização das escolas não é consenso e entidades que representam os professores criticaram a medida. É o caso do Sindicato dos Trabalhadores de Educação da Rede Pública de Belo Horizonte (Sind-Rede), que pode iniciar uma greve sanitária. "Esse momento é muito tenso, porque temos sindicato dizendo que não retorna em nome da vida, mas temos também Ministério Público notificando, em nome da vida, o retorno das aulas. Temos a defesa do retorno por pesquisadores, grupos de médicos, cartas de mães e pais e temos também o contrário. O poder Executivo, sob pressão, tem que pensar o melhor para a cidade", justificou a secretária.

Na última semana, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) chegou a ser notificado pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que recomendou a realização de protocolos detalhados com informações sobre o retorno gradual da educação. "Agora, dependemos da população e da disciplina. Vamos observar e adaptar a cada dia o que for necessário em função das ocorrências que surgirem", declarou Dalben.

As idades incluídas na volta às aulas

Sobre a limitação do retorno para crianças de até cinco anos e oito meses, a secretaria municipal de Educação lembrou que esse recorde tem como base a idade para crianças na educação infantil. "Quando uma criança já tem seis anos, ela está no ensino fundamental. E estamos prevendo esse retorno após três semanas, para verificar e estudar o comportamento dessa fase", disse. Porém, caso o aluno tenha uma idade superior a estipulada e ainda esteja no ensino infantil, pode retomar as atividades presenciais.

Para Dalben, o maior desafio das unidades nesse momento é fazer um diagnóstico da aprendizagem do aluno durante a pandemia. "Esse balanço vai ser a primeira ação da escola, ela precisa ocupar de conhecer e reconhecer a criança que está chegando. Esse ano que ela passou longe, o que ela aprendeu, adquiriu de habilidade e o que precisa adquirir ainda". 

A secretária pontuou ainda sobre a importância da escola para reconhecer alguma vulnerabilidade, seja nutricional ou social. "Precisamos cuidar dessa criança emocionalmente e fisicamente. Por isso eu acho que os professores e os sindicatos vão rever posições", finalizou.

Mini-entrevista com a secretária Ângela Dalben:

Como vão funcionar as bolhas ou células nas escolas de educação infantil?

O vírus ainda está aí, permanece, e nós precisamos encontrar uma forma para que possa abrir as escolas. E a única forma que encontramos é uma medida em que vai ter grupos de crianças com um professor, mas sempre isolados de outro grupo de crianças com outro professor. É isso que a gente chama de bolha ou células, são grupos de crianças que não interagir com outros. Isso significa que vamos ter um monitoramento e controle de interações de cada um desses grupos. Isso vai exigir, por exemplo, da escola e dos responsáveis, qualquer novidade que aconteça no dia a dia seja notificado à escola. Se alguma criança tiver uma febre, ou apareceu com coriza ou algum sintoma que seja de uma gripe, por exemplo, temos que controlar porque não queremos que essas sejam contaminadas por qualquer virose, mas também não desejamos que nenhum deles contamine outra bolha. É como se tivéssemos um isolamento social em grupos na escola. Com isso, precisamos de disciplina. Eu tenho dito que nós brasileiros não respeitamos muito, mas disciplina é o uso de máscara por todos os adultos, sempre, lavagem de mãos quando tocar em qualquer objeto, as escolas têm que estar preparadas com pias, dispensers de álcool em gel, todo mundo o tempo todo utilizando esses equipamentos para que possa ter o controle. Quando a criança chega na escola, vai ser medida a temperatura e vai ter a lavação das mãos, assim como todos os adultos. E vamos ter horários fixos para que as crianças entrem nas escolas e os responsáveis vêm buscar. Temos que seguir à risca tudo que está colocado. Então, a flexibilidade não pode existir sem os cuidados com a Covid-19. É a disciplina em relação ao que foi colocado. Parece uma coisa rígida, mas na verdade é o cuidado que a vida que estamos tendo para que possamos manter as escolas abertas.

Cada uma vai contar com um professor exclusivo?

Cada bolha vai ter um professor específico e só para ela. Quer dizer, você vai ter um trabalho quase que personalizado de interação. E também permanecem as atividades virtuais, do grupo coletivo da escola, e também com distanciamento sempre de dois metros de pessoa para pessoa, mas com os adultos é mais fácil ter esse controle. Desejamos que as escolas também não permaneçam com suas rotinas de muitos adultos frequentando. Por isso, estamos fazendo escalonamento. No caso da rede municipal, vamos ter as bolhas e agrupamentos de crianças por duas vezes na semana. Um grupo de cinco ou quatro anos vai duas vezes, enquanto outros grupos vão em outros dois dias da semana, intercalando também com grupos que vão pela manhã ou à tarde. As criancinhas menores, estamos imaginando que vamos ter espaços físicos organizados para elas, que são maiores e bem ventilados, e elas irão inicialmente só uma vez na semana, porque elas precisam também se acostumar com a escola, porque muitas nunca foram. Irão uma vez na semana para conhecerem o espaço e vamos vendo como isso vai acontecer, atualizando esse formato de semana a semana. Eu tenho dito que a palavra de ordem é disciplina, no uso de máscara, álcool em gel, limpeza de todos os espaços, no escalonamento de horários, o responsável não pode atrasar, tem que ser naquele horário. Se tem 15 minutos para determinado grupo sair ou chegar na escola, daqui 15 minutos outro grupo vai chegar e não queremos que eles interajam entre si. Inclusive a alimentação vai acontecer em sala de aula. Não vamos ter as crianças indo ao refeitório para comerem juntas, a alimentação é que vai para a sala de aula. E a necessidade de ir ao banheiro, vamos ter aquele auxiliar do professor, específico para aquele grupo, que vai retirar a criança, levar ao banheiro e retornar. Será tudo muito bem organizado, escalonado e muito isolado.

Com esse contingente grande de crianças que podem retornar, será possível garantir o cumprimento dos protocolos?

No universo da cidade de crianças de 0 a 5 anos e oito meses, é em torno de 108.000 pessoas que podem retornar. Isso significa que são inúmeras escolas, inúmeras bolhas, mas acreditamos que se todo mundo tiver disciplina, seguir os protocolos e a cidade inteira cuidar para que não haja aglomeração, sabemos que são festas clandestinas que provocaram esses números elevados que já poderiam ter baixado. A gente pede para que as pessoas cuidem das suas crianças, que tenham disciplina para que elas tenham direito de usufruir daquilo que elas merecem. 

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