Há um ano, o TelePAN Saúde, ação da Faculdade de Medicina da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), oferece apoio aos profissionais de saúde da linha de frente de combate à pandemia. Por meio de atendimento gratuito e seguro, o projeto cuida da saúde mental desse grupo tão afetado – e decidiu estender a oferta. A partir de agora, o serviço também será oferecido a pessoas enlutadas pela Covid-19, aqueles que precisam viver com a dor de ter perdido um ente querido para a doença.
O projeto oferece, com atendimento gratuito e online, serviços como psicoterapia individual breve de apoio, terapia de grupos e consultas médicas, entre outros. E não vale apenas para Minas Gerais: tanto os profissionais de saúde da linha de frente quanto pessoas que estão vivenciando o luto, de qualquer região do país, podem solicitar atendimento pelo site.
O TelePAN já recebeu o cadastro de 434 pessoas em busca de ajuda e de mais de mil voluntários, o que possibilitou milhares de atendimentos e procedimentos individualizados ou em grupo. A maioria dos trabalhadores da saúde que procuraram o projeto são homens, com idade média de 37 anos.
Mais da metade dos pacientes ainda estão em atendimento. A principal demanda foi para suporte emocional ou psicoterapia breve individual de apoio, sendo um terço desses profissionais integrantes de equipes de enfermagem. A maior parte deles foi encaminhada para atendimento com servidores ativos e aposentados da Psicologia da UFMG.
De acordo com o coordenador do projeto e professor do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade, Helian Nunes, são esperados o cadastro de mais de 600 pessoas nos próximos meses com a expansão dos atendimentos. E se o cenário da pandemia ficar ainda mais grave, essa demanda pela teleconsulta pode crescer também. Por isso, a necessidade também de ampliação do número de voluntários.
Para conseguir continuar atendendo todos que precisam de ajuda, o projeto conta com a colaboração de profissionais da área e precisa ampliar o número de voluntários com qualificação na atenção em saúde mental. Por isso, o recrutamento permanece aberto para voluntários com formação na área que possam colaborar com as teleconsultas. As inscrições podem ser feitas por meio de um formulário online (acesse aqui).
De acordo com Helian, o processo de luto durante a pandemia tem sido considerado diferente, pois há uma falta dos rituais tradicionais, devido às medidas de prevenção ao coronavírus – o que impacta a elaboração do luto. E apesar de ainda não haver análises detalhadas dos impactos dessas perdas, “alguns estudos apontam maior risco de depressão, transtorno de ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático, abuso de substâncias psicoativas e maior risco de suicídio”, conforme o professor.
Ele também chama atenção para a possibilidade desses profissionais vivenciarem estresse pós-traumático que só ficarão evidentes meses ou anos após a situação traumática vivenciada.
“O profissional de saúde tem sido citado como grupo de trabalhadores com maior risco de adoecimento mental neste momento de pandemia, sobrecarregados do ponto de vista físico e emocional, por um período prolongado”, destaca Helian.
O projeto também atua com grupos de trabalhadores da mineração que foram atingidos pelo crime ambiental de Brumadinho, através do Programa de Programa Participa UFMG – Mariana / Rio Doce: enfrentamento da pandemia de covid-19. Para mais detalhes sobre esse atendimento, acesse aqui.
Com Medicina UFMG
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