Dezessete capitais brasileiras e o Distrito Federal estão com 90% ou mais de seus leitos de UTI (Unidade de Terapia intensiva) ocupados com pacientes graves da Covid-19, segundo levantamento do jornal Folha de S.Paulo com dados desta segunda-feira (12).
O quadro apresenta leve melhora em relação à semana anterior, quando 21 capitais apresentavam taxa de lotação acima de 90%. Ainda assim, Porto Velho e Campo Grande estão com todas as suas UTIs em uso para casos mais críticos da doença.
A demanda ainda segue alta por leitos para casos graves da doença, mesmo com o esforço de governadores e prefeitos com medidas como toques de recolher, lockdowns, criação de mais leitos e anúncio de megaferiados.
Em Mato Grosso do Sul, os hospitais operam acima da ocupação máxima. A fila por leitos praticamente não variou de uma semana para outra e está com 134 pessoas.
O estado registrou 958 mortos pela Covid-19 em março. O número representa quase 30% do total de óbitos pela doença até o início do mês.
Em Campo Grande, mesmo com a abertura de novos leitos, 103% das UTIs estão ocupadas, isso porque as unidades criaram atendimentos improvisados.
Em Porto Velho, os hospitais estão com lotação esgotada desde fevereiro.
No Rio Grande do Norte, descontando 29 leitos de UTI bloqueados, que não estavam disponíveis para uso, a ocupação chegou a 98,3%, nesta segunda. O painel do estado contabilizava apenas seis leitos disponíveis.
Ainda segundo o RegulaRN, nos últimos três dias, as transferências têm levado mais cinco horas. O tempo médio de internação em leitos críticos tem sido de seis dias e 16 horas, para pacientes com alta, e de oito dias e 22 horas, para aqueles que morreram em decorrência da doença.
Com 85 pessoas na fila por uma vaga de atenção intensiva, segundo o governo estadual, Mato Grosso manteve nesta semana 98% de ocupação nas UTIs, apesar de ter criado 23 vagas.
Em Cuiabá, a ocupação segue próxima do colapso, com 97% das 307 vagas em uso, e ainda com 12 pacientes à espera de vagas. Na última semana, o índice de ocupação era o mesmo, mas com cinco pacientes aguardando leitos.
Já em Goiás, foram criadas 28 vagas (são 532), o que fez o índice de ocupação reduzir ligeiramente, de 96% para 94,7%. Mesmo assim, dados da Secretaria da Saúde ainda mostram 74 pessoas à espera de um leito de UTI.
Em Goiânia, a taxa de ocupação de leitos recuou de 90% para 86%. Há 267 pacientes internados, para 311 leitos disponíveis na capital. Segundo a prefeitura, a fila de espera na cidade foi zerada.
Pernambuco, que apresenta 97% de ocupação das UTIs, registra desabastecimento de medicamentos como sedativos, segundo médicos ouvidos pela Folha de S.Paulo.
Um dos profissionais relatou que, com doses reduzidas dos remédios, pacientes em Recife precisam ser contidos na cama para fazer a intubação. Há casos em que a mandíbula do paciente chega a ser deslocada para conclusão do procedimento. A Secretaria Estadual de Saúde nega o desabastecimento.
Na última semana, mesmo com abertura de 38 novos leitos de UTI, a taxa de ocupação permaneceu em 97%. Nesta terça-feira (13), 71 pessoas aguardavam na fila.
No Ceará, a situação também permanece grave. A taxa de ocupação de UTI subiu de 93% para 95%. Há 587 pacientes esperando a vez para acessar um leito –só em Fortaleza, há 183 pessoas.
No Distrito Federal, onde a taxa de ocupação está em 96,6%, são 353 pessoas à espera de um leito de UTI. Ao todo, há 461 leitos disponíveis pelo governo –somente 15 estão vagos. Desde a última semana, houve a criação de 31 novos leitos e há previsão de mais vagas.
Estão em construção três hospitais de campanha. Cada um vai dispor de cem leitos de UTI.
Segundo o governo distrital, o perfil epidemiológico de pacientes acometidos pela Covid-19 tem mudado. Hoje, a maior ocupação tem sido de pessoas mais jovens, abaixo dos 55 anos.
No Paraná, a fila por UTIs caiu praticamente pela metade em uma semana e tem agora 187 pessoas, mas a taxa de ocupação desse tipo de leito segue em 95%.
Em Curitiba, o índice está em 96%, com 74 pessoas aguardando na região metropolitana. A cidade teve em março o mês mais letal de toda a pandemia, com 921 mortes (do total de 4.238).
Na última semana, a prefeitura flexibilizou normas do decreto vigente e permitiu que academias e restaurantes operem até as 23h. Nesta terça-feira (13), o governo do Paraná também restringiu o toque de recolher, que antes era das 20h às 5h e agora passou a valer a partir das 23h.
REDUÇÃO
Após um mês com UTIs superlotadas, a taxa de ocupação vem baixando no Rio Grande do Sul e atingiu 87%. A fila por leitos também caiu pela metade e tem agora 40 pessoas.
Mesmo assim, o estado entrou na sétima semana consecutiva em bandeira preta. Segundo o governo, já houve melhora nos indicadores.
Os números são mais preocupantes em Porto Alegre, onde 96% das UTIs estão ocupadas.
Em Santa Catarina, mesmo com o acréscimo de 15 leitos, a taxa não variou em uma semana e continua em 96%. A fila, no entanto, diminuiu cerca de 30% e está agora com 139 pessoas. Em Florianópolis, o índice de ocupação está em 92%.
Em Palmas, assim como em todo o estado, a taxa caiu levemente desde a última semana. Na capital, passou de 98% para 95%, enquanto no Tocantins foi de 91% para 87%.
"No dia 29 de março, nossa média móvel estava em 766 e, atualmente, está em pouco mais de 379 casos", disse o governador, Mauro Carlesse, na segunda. Para o secretário de Saúde, Edgar Tollini, a redução se deve a múltiplos fatores, como a imunização e a adoção de medidas restritivas.
No Rio de Janeiro, a ocupação de UTIs continua acima dos 90%. O índice é de 94% na capital e de 90% no estado, mesmo com a abertura de dezenas de leitos. A fila está em queda nos últimos dias, mas tinha 419 pacientes em estado grave aguar dando vaga.
Em São Paulo, a taxa de ocupação nas UTIs bateu 85,5% no estado –12.061 pacientes estavam internados nas UTIs estaduais.
De acordo com projeções da plataforma SP Covid-19 Info Tracker, criada por pesquisadores da USP e da Unesp com apoio da Fapesp para acompanhar a evolução da pandemia, a expectativa é que daqui a sete dias a taxa de ocupação caia para cerca de 80%.
"Apesar da tendência de queda, com as novas flexibilizações é possível que o estado venha enfrentar um novo aumento nas internações. O ideal seria aguardar pelo menos mais duas semanas para voltar a debater a flexibilização", afirma o pesquisador Wallace Casaca, coordenador da plataforma.
Em Minas, mesmo com expansão de leitos, a taxa de ocupação de leitos de UTI SUS seguia acima de 90%. No estado, 482 pessoas esperavam por leitos críticos no estado e 693 por leitos de enfermaria, segundo publicação do governador Romeu Zema (Novo).
Belo Horizonte teve melhora nos índices nos últimos dias. A ocupação, que era de 98,8% em 5 de abril, passou para 88,1%. Na rede pública, era de 92,3% no início desta semana, enquanto na rede privada marcava 84%.
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