Com o agravamento da pandemia, que registrou seu pior mês em março, as profissionais do sexo de Minas Gerais optaram por suspender o atendimento por tempo indeterminado. Além disso, demandam que sejam incluídas nos grupos prioritários da vacinação.
À reportagem, a presidente da Associação das Prostitutas de Minas Gerais (Aprosmig), Cida Vieira, confirmou a interrupção das atividades. “É uma questão de proteção mesmo, até que sejamos incluídas como grupo prioritário nos planos de vacinação a nível municipal, estadual e federal. Não estarmos nessa listagem é uma violência, já que trabalhamos com contato e levamos o sustento de muitas famílias”, disse. A associação tem 3.500 profissionais cadastradas em Belo Horizonte e 80 mil em todo Estado.
Desde o início da pandemia, já havia a recomendação para que as atividades fossem diminuídas e, em caso de atendimento, as mulheres, tanto cis quanto trans, usassem máscara e fizessem higienizações constantes. “Nós distribuímos álcool em gel, falamos para usar máscara, mas tem cliente que não entende, muitos deles negam a pandemia, por mais que haja muitas mortes, que a imprensa mostre. Não entra na cabeça dos machistas”, explicou Cida.
Ao longo dos últimos meses, as trabalhadoras contaram com a distribuição de cestas básicas pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e com campanhas de doação e vaquinhas para manter o sustento, diante da atividade reduzida. Cida conta que, no entanto, muitas delas se arriscaram e acabaram contraindo Covid-19.
“As cestas não são suficientes, tem as contas, o aluguel, as misturas: leite, verduras, legumes. Nós estamos sofrendo muito. Muita gente acabou tendo que ir pra rua por não ter dinheiro para o aluguel. Somos uma profissão regulamentada, pagamos impostos e estamos vulneráveis, queremos que o Ministério da Saúde nos inclua nos grupos prioritários, assim como Estados e municípios”, disse.
De acordo com a presidente da Aprosmig, a Rede Brasileira de Prostitutas (RBP) e associações de outros Estados endossam o movimento. Ela diz ter feito a demanda pela prioridade na vacinação ao governo de Minas e à PBH, e ambos teriam respondido que estão subordinados à determinação do Ministério da Saúde.
A reportagem fez contato com a Secretaria de Estado de Saúde e o Ministério da Saúde a respeito da possibilidade. Por meio de nota, o órgão federal informou que seleção dos grupos prioritários para a imunização contra a Covid-19 foi baseada em princípios da Organização Mundial da Saúde (OMS), discussões com especialistas no âmbito da Câmara Técnica Assessora em Imunização e Doenças Transmissíveis e feita em acordo com entidades como o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).
“Com o avanço da vacinação, outros grupos prioritários serão contemplados”, prossegue o texto. “Ressaltamos que o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 está sujeito a alterações e que a orientação aos Estados, municípios e Distrito Federal é para que gestores de saúde locais sigam a ordem de prioridades estabelecida no Plano”. Ainda não houve retorno do Estado.
Cida Vieira frisa a importância das doações nesse momento e reforça a necessidade de vacinação. “Nossa prioridade agora é a luta pela vacina, pra que sejamos incluídas nos planos dos municípios, Estados e governo federal”, conclui.
Para doar
O recebimento de doações (alimentos, vegetais e verduras frescas, produtos de limpeza e de higiene pessoal, fraldas, máscaras, cestas básicas, álcool em gel 70%) está sendo feito na sede da Aprosmig (rua dos Guaicurus, 648 - fundos). Telefone (31) 3201-1799.
Para doações em dinheiro:
Conta Aprosmig
Caixa Econômica Federal
Agência - 0084
Conta 53456-0
Operação - 013
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