O ministro da Defesa, Walter Braga Netto, anunciou nesta quarta-feira os nomes dos novos comandates das Forças Armadas. Os escolhidos foram o general Paulo Sérgio de Oliveira, o terceiro mais antigo do Exército na lista de militares com quatro estrelas e na ativa; o almirante Almir Garnier, o segundo mais antigo na Marinha; e o brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, o primeiro da lista, segundo informações do Ministério da Defesa.
Ao anunciar os novos comandantes de Exército, Marinha e Aeronáutica, o novo ministro da Defesa, general da reserva Walter Braga Netto, afirmou que o maior patrimônio do país é "a garantia da democracia e a liberdade do seu povo". Ele disse que fazia um reforço dessa constatação "nesse dia histórico", sem dizer a que se referia.
O general, em seu primeiro ato à frente do cargo, elaborou uma ordem do dia, para ser lida nos quartéis, em que diz que o golpe militar de 1964 faz parte da "trajetória histórica" do Brasil e que os acontecimentos de 31 de março daquele ano devem ser "compreendidos e celebrados".
A primeira fala à imprensa, como ministro da Defesa, foi feita no sexto andar do prédio da pasta. Os jornalistas foram chamados para que o ministro anunciasse os novos comandantes das Forças nomeados pelo presidente Jair Bolsonaro.
Os três novos comandantes estiveram presentes no anúncio, que durou menos de três minutos. Nem o ministro nem os novos comandantes se dispuseram a responder a perguntas da imprensa.
"Após nomeação para o honroso cargo de ministro de Estado da Defesa, cuja decisão é prerrogativa constitucional do presidente da República, nos reunimos hoje [quarta] para divulgar as escolhas dos comandantes. O comandante supremo das Forças Armadas [o presidente da República] escolheu [os novos comandantes] para os cargos", afirmou Braga Netto no começo do discurso.
O combate à Covid-19 é o principal desafio que o país enfrenta, segundo ele, e as Forças têm ajudado no combate à pandemia, afirmou.
"Os militares não faltaram no passado e não faltarão sempre que o país precisar. As Forças são fiéis às suas missões constitucionais, de defender a pátria, garantir os poderes constitucionais e as liberdades democráticas", disse o ministro.
Bolsonaro escolheu os novos nomes dois dias após deflagrar uma crise militar sem precedentes na história recente. Os antecessores ficaram pouco mais de dois anos nos cargos, decidiram renunciar às funções de forma conjunta e foram demitidos por Bolsonaro, também conjuntamente.
O processo de escolha foi conduzido por Braga Netto, que está no cargo há apenas dois dias. Ele substituiu o general Fernando Azevedo e Silva, demitido na segunda-feira (29). Esta demissão detonou a crise militar, com a saída coletiva dos três comandantes das Forças no dia seguinte.
Para tentar evitar mais fervura na crise aberta com as cúpulas militares, Bolsonaro e Braga Netto decidiram respeitar critérios de antiguidade, componentes centrais da ideia de hierarquia na caserna.
Para o cargo de comandante do Exército, o presidente queria um general com tempo de carreira e ascensão inferior ao de outros generais na fila de espera.
O preferido de Bolsonaro era o comandante militar do Nordeste, Marco Antônio Freire Gomes. Da própria turma do general na Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), a de 1980, há três generais quatro estrelas mais antigos do que ele.
Uma cogitação nesse sentido e a própria indicação de Braga Netto para o cargo de ministro da Defesa foram vistos na caserna como uma quebra grave de hierarquia. Por isso, para não jogar ainda mais combustível na crise, Bolsonaro e Braga Netto decidiram respeitar critérios de antiguidade. O processo de seleção dos comandantes foi conduzido por Braga Netto.
Por meio de entrevistas no Ministério da Defesa, ele foi afunilando possibilidades. Dos cinco cotados para a Marinha, por exemplo, ele reduziu a três as possibilidades, até escolher o comandante. Também foram ouvidos cinco candidatos do Exército.
Bolsonaro espera mais alinhamento dos novos comandantes a seu governo, o que contraria a própria obrigação constitucional das Forças Armadas de funcionarem como instituições de Estado.
O incômodo originário do presidente era com o general Edson Leal Pujol, então comandante do Exército.
Pujol deu aval à permanência do general Eduardo Pazuello na ativa do Exército e no cargo de ministro da Saúde, assim como avalizou a produção de 3,2 milhões de comprimidos de cloroquina -um medicamento sem eficácia para Covid- pelo Laboratório Químico Farmacêutico do Exército. Mesmo assim, Bolsonaro se incomodava com o comandante.
O general adotou medidas de distanciamento social dentro do Exército, prática condenada pelo presidente. Ele também adotou posicionamentos públicos em defesa da não politização dos quartéis.
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