É de amplo conhecimento de todos a circulação de novas variantes do coronavírus em todo o mundo, sendo detectado no Brasil uma mutação própria em Manaus e posteriormente também no Rio de Janeiro. Entretanto, amostras com estas novas variantes já estão sendo detectadas em Minas Gerais.
A cidade de Caetanólis, localizada há poucos quilômetros de Cordisburgo, teve uma das amostras testadas com a variante detectada no Reino Unido, o que acende alerta na região, visto que segundo estudos, o potencial de transmissão é ainda maior do que a versão tradicional do vírus.
A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) confirmou a circulação de duas variantes do coronavírus em Minas Gerais: a P1, descoberta em Manaus, e a B.1.1.7, identificada inicialmente no Reino Unido.
Segundo a SES-MG, amostras aleatórias coletadas em laboratórios indicaram a circulação das cepas, consideradas variantes de atenção (VOC). As VOC são mutações que ocasionam alterações clínico-epidemiológicas relevantes, como maior gravidade e maior potencial de infectividade.
As amostras foram analisadas pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). No total, 54 amostras foram positivas para VOC.
A P.1. foi detectada em 38 amostras, nas cidades de Uberlândia (25), Uberaba (6), Belo Horizonte (2), Patrocínio (2), Betim (1), Montes Claros (1) e Nova Ponte (1).
Já a variante B.1.1.7. foi identificada em 16 amostras, nos municípios de Belo Horizonte (10), Betim (2), Caetanópolis (1), Barbacena (1), Uberlândia (1) e Araxá (1).
A SES-MG iniciou a vigilância laboratorial das VOC, por meio de sequenciamento genético, em janeiro de 2021, após a confirmação do surgimento de variantes no Brasil e em outros países. A pasta informou que, desde então, tem ampliado o monitoramento e recebido notificação de casos investigados por instituições de pesquisa.
Segundo a secretaria, as variantes apresentam mutações genéticas que têm sido associadas com uma maior transmissão viral.
No caso da variante britânica, a mutação foi identificada na proteína spike, uma espécie de "chave" que o vírus utiliza para infectar os humanos, o que tem sido associado à maior transmissão. Uma pesquisa divulgada no final do ano passado indica que ela pode ser entre 50% e 74% mais contagiosa.
Na variante de Manaus, pesquisadores identificaram uma mutação semelhante à cepa do Reino Unido, além de mutações adicionais que também parecem deixar o vírus mais transmissível.
Um estudo divulgado neste mês mostrou que a variante pode driblar o sistema imune de indivíduos já infectados pela Covid-19 e causar reinfecção.
Diante da comprovação da circulação de variantes no estado, a SES-MG "reforça a necessidade de adoção de medidas restritivas para conter a propagação do vírus". Segundo a pasta, as recomendações de isolamento são as mesmas independentemente da linhagem do vírus.
A secretaria informou que orientou a investigação dos casos nos respectivos territórios e o retorno de informações ao Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs).
Variante do Rio de Janeiro
A SES-MG também confirmou a circulação da P.2., detectada inicialmente no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, mas ressaltou que, até o momento, a variante não é considerada uma VOC.
Segundo a pasta, a P.2. também é derivada da linhagem B.1.1.28, assim como a P.1., mas, enquanto na variante amazonense são detectadas três mutações relacionadas à proteína spike, na P.2, apenas uma mutação foi identificada.
De acordo com a secretaria, a P.2. tem sido amplamente detectada no Brasil, "sendo uma das variantes com maior frequência de detecção em território brasileiro, a partir do segundo semestre de 2020".
Em 17 amostras coletadas ao acaso em Belo Horizonte entre novembro do ano passado e janeiro de 2021, cientistas do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG descobriram que 16 correspondiam a P.2.
A SES-MG ressaltou que "o surgimento de variantes é esperado, uma vez que mutações são comuns em vírus de RNA como o coronavírus". O distanciamento social e a vacinação são importantes para reduzir a circulação do vírus e minimizar o surgimento de mutações.