Todos os brasileiros vacinados contra a Covid-19 até setembro deste ano. O que para muitos pode parecer um sonho é meta para mais de 400 empresários brasileiros. Esse é o grande objetivo traçado pelo movimento Unidos pela Vacina, liderado pela empresária Luiza Trajano e pelo Grupo Mulheres do Brasil. A iniciativa visa encontrar soluções para possíveis problemas enfrentados pelos municípios para que o Plano Nacional de Imunização (PNI) possa ser implementado de maneira ágil e eficaz.
Em Minas Gerais, até o momento, mais de 140 empresas já aderiram ao movimento. Cada uma delas espera contribuir de alguma forma com infraestrutura e logística, para que as vacinas cheguem da melhor maneira até toda a população – especialmente para quem vive nos municípios menores ou mais longínquos.
A intenção do movimento não é comprar vacinas, mas ajudar o Ministério da Saúde na implementação do PNI. Até o momento, 11,2 milhões de brasileiros já receberam a primeira dose do imunizante no país, o equivalente a 5,3% da população brasileira. Em Minas, pouco mais de 1 milhão de pessoas foram vacinadas com uma dose – 5% dos mais de 20,87 milhões de habitantes do Estado.
A empresária Betânia Tanure, da Betania Tanure Associados, uma das líderes do Grupo Mulheres do Brasil, reforça que a intenção do movimento não é comprar vacinas. “Apesar de o Brasil ter muita competência instalada em todo o país para vacinações, essa atual imunização tem características diferentes. Não podemos colocar muitas pessoas dentro de um posto de saúde, sem distanciamento, conforme fazíamos antes”, explica.
Segundo Betânia, o movimento não envolve transferência de dinheiro. Cada empresa atua oferecendo soluções para a demanda local e pode doar insumos, oferecer mão de obra ou algum tipo de serviço. “Temos que buscar todas as condições para atingir a meta de vacinar a população até setembro, porque a situação está muito grave. A economia não será retomada sem vacinas”, diz.
“Nosso movimento não quer procurar culpados, é apartidário e não tem interesse comercial. Agimos para mais rapidamente mudar o rumo dessa tragédia”, afirma.
O Grupo Sada é uma das empresas mineiras que abraçaram o desafio de colaborar para a imunização de todos os brasileiros. “A vacina é a única solução que temos para conseguir superar essa pandemia e poder voltar a ter uma normalidade nas empresas, nos comércios, nas vidas das pessoas”, afirma Marina Medioli, vice-presidente do grupo.
A intenção da Sada é contribuir para o movimento Unidos pela Vacina com a divulgação de informações de qualidade, por meio de suas empresas de comunicação – jornais e Super Notícia, portal O Tempo e rádio Super 91,7 FM –, e oferecer soluções para municípios conforme o mapeamento dos gargalos.
“O grupo tem muitas empresas, está presente em vários municípios de diferentes Estados, e poderemos ajudar de diferentes formas. Com as empresas de comunicação, podemos ajudar a enfrentar as fake news e a incentivar a população a se vacinar”, completa. “Nessa corrida pela vida, contra essa pandemia sem precedentes, cada minuto importa. Não estamos medindo esforços para que possamos concretizar nosso objetivo de tornar viável a vacinação para cada brasileiro deste país até setembro e colocar fim a essa situação tão dolorosa para nós e para o mundo”, afirma Luiza Trajano.
"Ajuda do setor privado vem em boa hora’, avaliam pesquisadores
Para pesquisadores, o auxílio do setor privado na corrida pela vacinação dos brasileiros vem em boa hora. “Nas primeiras campanhas de vacinação oral contra poliomielite, houve grande participação de empresas, que cediam carro, motorista, ajudavam na rede de frios, a organizar filas etc. Na década de 80, isso era frequente, mas depois essa participação foi reduzida. Ajudar no transporte e a montar postos volantes, por exemplo, é um apoio importante”, analisa o imunologista José Cássio de Moraes, que participou de estratégias de vacinação nacional durante quase cinco décadas.
“Grupos que queriam comprar vacina para imunizar funcionários estavam concorrendo com o SUS, mas o Unidos pela Vacina está colaborando com o SUS”, avalia o pesquisador. Kenya Noronha, professora do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), avalia que as diferenças entre as regiões do Brasil e o que chama de “fragilidade da gestão do governo federal” abrem as portas para a iniciativa privada.
“Nem todos os municípios têm condições de armazenar as vacinas de forma adequada, dependendo do imunizante que chegar, por exemplo. Vejo com bons olhos a participação de empresas nesse sentido, porque qualquer ajuda neste momento é bem-vinda, e elas não estão vindo para concorrer com o SUS”, diz Kenya.
Engajamento
“Estamos tendo grande engajamento dos empresários mineiros, com vontade genuína de ajudar nesse processo, no qual toda a sociedade se beneficiará”, diz o CEO da construtora MRV, Rafael Menin, coordenador do Unidos pela Vacina em Minas.
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