Belo Horizonte vive o momento mais crítico da pandemia da Covid-19. Com todos os leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) reservados a pacientes com a doença ocupados, e até fila de espera por atendimento, a capital mineira enfrenta um colapso no sistema de saúde. Nessa terça-feira (23), foi definido que supermercados e padarias não poderão funcionar no domingo (28). O Mercado Central também ficará fechado.
Para conter o avanço do novo coronavírus, um “lockdown generalizado” é a solução, diante da lentidão na campanha de vacinação . É o que considera o infectologista Unaí Tupibambás, membro do Comitê de Enfrentamento à enfermidade em BH. “Estamos vivendo o momento mais tenso, mais dramático. Então, a população tem que entender, não tem outra saída a não ser o distanciamento social. Na verdade, apenas um lockdown generalizado, em todo o pais, pode conter o avanço dessa pandemia”, disse, em entrevista ao Hoje em Dia.
Desde a última sexta-feira (19), não há mais vagas nas terapias intensivas da rede particular. Na segunda (22), o estrangulamento chegou ao Sistema Único de Saúde (SUS). Ao todo, 59 pessoas aguardam na fila por um leito, segundo o boletim epidemiológico da PBH. A taxa de ocupação das UTIs chegou a 107,3%.
“Tem paciente aguardando na fila, tem paciente sendo ventilado, usando ‘pulmão mecânico’ nas enfermarias ou até mesmo em Unidades de Pronto Atendimento. Nós estamos muito assustados. Os relatos dos colegas da ponta são assustadores. A situação é de extrema gravidade”, avaliou.
Além da atual situação, a rapidez da transmissão do coronavírus também preocupa. Mesmo em queda, o número médio de transmissão por infectado (Rt), ainda está em estado de alerta (1,17). Na prática, 100 pessoas transmitem a doença para outras 117. A velocidade na propagação pode ser relacionada à circulação de novas cepas.
“Nas outras vezes em que foi proposto o fechamento da cidade, a gente contava os dias. Entre o dia 10 e 15, ia cair a taxa de ocupação de leitos. Foi assim em todas as quatro vezes. Agora, a gente percebeu, com mais de 15 dias, que abaixou apenas a taxa de transmissão, que ainda é muito alta e nos assusta muito, devido a facilidade com que esse vírus circula".
Segundo ele, as variantes têm deixado os médicos muito assustados. "Nenhum serviço de saúde do mundo consegue fazer frente a isso. Um trabalho recente dá conta de que ela é 2,5 vezes mais infectante em relação a cepa original, com quadro clínico mais grave”, afirmou o infectologista, que fez um apelo para que a população continue em casa e siga mantendo as medidas de proteção contra o novo coronavírus.
“Se a gente não conter, não vai ter serviço de saúde nem em Belo Horizonte, nem em outro lugar do mundo, que dará conta da disseminação dessa nova infecção. Temos vistos pacientes de 30 a 50 anos, ocupando em maior intensidade os leitos. Mais do que nunca, a gente faz um apelo a toda a comunidade para que fiquem em casa. Só sair caso for necessário e, se sair, que saia com máscara bem ajustada, evite aglomerações e lave as mãos. Só o isolamento social, nesse momento, pode fazer frente a essa pandemia”, concluiu.
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