Sabe aquela sensação de grande evento ocorrendo na sua casa, ao alcance dos olhos e não apenas pelas imagens da TV – ou no caso dos mais apaixonados, em viagens a outros estados ou países? Pois esse foi exatamente o caso na penúltima etapa do Brasileiro de Stock Car (em conjunto com a Copa Petrobras de Marcas e o Brasileiro de Turismo), pela primeira vez no Circuito dos Cristais, em Curvelo e, por consequência, em Minas.
O fim de semana apenas confirmou como a paixão pela velocidade estava represada à espera de um palco à altura. Não por acaso, vários nomes que ajudaram a escrever a história de vitórias e títulos quando não havia pista – Cristiano da Matta, Guilherme Silva, campeão sul-americano de F-3, Roberto Mourão, entre outros, fizeram questão de acompanhar tudo de perto. E gente de todas as idades, das mais variadas cidades da região – e não só – finalmente pôde matar a sede de informações, a curiosidade em cada detalhe de uma festa profissional e colorida.
Bastava um mecânico aparecer com uma espátula raspando os pneus já usados e retirando a camada de borracha com detritos e lá havia um torcedor querendo saber mais. Quem se aproximava dos poderosos V8 que movem as máquinas da Stock se impressionava com o que mais parece um conjunto de relojoaria de precisão, assim como todo o trabalho para deixar os carros em condição ideal para acelerar. O período de visitação dos boxes encheu o pitlane de uma multidão capaz de surpreender os próprios pilotos, que nem sempre encontram tanto calor humano nas paradas da categoria. Fotos, vídeos e a espera paciente por um boné, camiseta ou o simples autógrafo eram parte de um cenário novo para a grande maioria – a chance de conversar com as feras já era motivos para os olhos brilhando.
E que a inauguração de um autódromo criaria uma nova cultura para uma população apaixonada e mais acostumada a ver provas sobre duas rodas, e na terra, era algo esperado. Como a chance de revelar mão de obra capaz de fazer bonito Brasil afora. Toda a equipe de sinalização de pista foi formada na cidade antes da inauguração do Circuito dos Cristais e mesmo o ponto de principal responsabilidade da pista – o posto na linha de chegada – estava sob o comando de uma curvelana.
Foi Amanda Diniz quem teve o desafio de mostrar as várias bandeiras aos pilotos diante dos boxes e, principalmente, a mais esperada delas, a quadriculada, para os vencedores Felipe Fraga e Ricardo Maurício. Missão cumprida com direito a elogios. "Assim que acabou a segunda corrida, o diretor de prova fez questão de nos dar os parabéns pelo rádio. Foi sensacional eles terem confiado no nosso trabalho, é muito legal pensar que ainda outro dia eu estava fazendo o curso, difícil até acreditar. Eu estava ansiosa, mas isso não me atrapalhou na hora certa".
E também houve a situação oposta, de mineiros acostumados a viver o dia-a-dia do circo longe de casa, mas que nunca tinham experimentado a sensação de fazer o que sabem sem depender das longas viagens. Caso do mecânico e preparador Agostinho Júnior, o "Dutch" que, desde 1996 integra a equipe Full Time, comandada por Maurício Ferreira – é um dos responsáveis pelo carro de Rubens Barrichello.
O que dizer então de um piloto que pôde festejar a vitória não muito longe da cidade natal? Édson Coelho Júnior, nascido em João Monlevade, foi o vencedor da segunda corrida do Brasileiro de Turismo, categoria de acesso à Stock. "Essa pista é sensacional, e o melhor de tudo é que fica aqui. Quando comecei a competir, nunca imaginei que viveria uma experiência como essa, o que só tornou o resultado ainda mais especial."
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