O aumento de casos de Covid-19 no início deste ano em Minas Gerais já provoca aumento do consumo de oxigênio em hospitais mineiros. Nas unidades de saúde da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), em janeiro deste ano, foram utilizados 2.548 m³ de oxigênio gasoso, e 167.428 m³ de oxigênio líquido. Os números estão próximos dos patamares do primeiro pico da pandemia, no meio do ano passado.
A White Martins, uma das fornecedoras de gases hospitalares para unidades de saúde de Minas, registrou aumento de 35% no consumo do material na primeira quinzena de março em relação ao mesmo período de fevereiro.
Apesar do crescimento da demanda por oxigênio, a Fhemig informou que não há risco de escassez do material em suas unidades. "A Fhemig não pode responder por todos os hospitais da Estado, apenas por suas unidades. Quanto ao risco de desabastecimento, a Fhemig não possui, até o momento, sinalização desta natureza por parte do atual fornecedor de gases medicinais", disse a entidade, em nota.
O consumo de oxigênio nos hospitais da Fhemig tem variado de acordo com a evolução da pandemia. Em janeiro do ano passado, foram utilizados 1.482 m³ de oxigênio gasoso e 180.825 m³ da forma líquida do insumo. Seis meses depois, em julho, o consumo do oxigênio gasoso pulou para 2.861 m³, e o líquido, para 151.757 m³.
Em outubro do ano passado, o consumo do material entrou em tendência de queda, mas voltou a subir e, em janeiro deste ano, foram utilizados 2.548 m³ de oxigênio gasoso e 167.428 m³ do líquido.
Nesta terça-feira (16), o secretário de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti, disse que pediu apoio ao Ministério da Saúde para que não falte oxigênio no Estado. "A maioria dos hospitais grandes com leitos de CTI utilizam grandes reservatórios de oxigênio. Mas para os leitos que estão sendo criados não dá tempo dessa estrutura, e são leitos com cilindro de oxigênio. A logística desse insumo é complexa, tem que se trocar várias vezes por leito e o paciente Covid exige muito oxigênio", afirmou em entrevista coletiva.
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) recebeu nesta segunda-feira (15) formulários com os dados sobre o consumo de oxigênio nos hospitais do Estado e está analisando as informações. "O governo estadual segue atento aos estoques e condições de fornecimento dos principais insumos e suprimentos médicos associados à pandemia", disse a pasta, em nota.
A empresa White Martins, uma das fornecedoras de gases medicinais para hospitais do Estado, informou que houve aumento de 35% no consumo de oxigênio nas duas primeiras semanas de março em comparação com o mesmo período de fevereiro. A companhia esclarece que "compete às instituições de saúde públicas e privadas sinalizar qualquer incremento real ou potencial de volume de gases às empresas fornecedoras".
Na rede particular, o aceleramento da pandemia também está exigindo esforço para a manutenção do insumo disponível. A Unimed-BH disse que apesar do aumento exponencial da procupra por atendimento nos hospitais da cooperativa a empresa "tem mantido de forma segura o atendimento a todos os pacientes que demandam por oxigênio".
Gestão
O oxigênio em quantidade suficiente é fundamental para a manutenção de uma unidade hospitalar, principalmente em uma pandemia, avalia o médico especialista em saúde pública Lucas Bifano.
"Aquelas pessoas portadoras de doenças que já causam processo inflamatório como diabetes, hipertensão, aterosclerose, asma, doença pulmonar obstrutiva crônica, já têm um processo inflamatório prévio e, se infectadas, vem mais um processo inflamatório causado pelo vírus. Com isso, os alvéolos pulmonares não conseguem fazer o filtro do oxigênio, não conseguem fazer com que o pulmão se expanda e reprima", diz.
O especialista explica que os hospitais trabalham com uma margem de segurança, mas na pandemia os gestores foram pegos de surpresa, como em Manaus, quando houve falta de oxigênio. "Funciona mais ou menos assim: vamos supor que o hospital tem uma necessidade mensal de 10 tubos de oxigênio, jogando bem por baixo. Então, o hospital não vai ter 10, porque tem que ter sua válvula de segurança. Nesse caso, teria mais ou menos 15. Só que, nem 10, nem 15, exemplificando esse caso de Manaus, eles precisariam, repentinamente, de 110 (colocando números fictícios para ilustrar).
Para reduzir a pressão e o consumo de oxigênio nos hospitais é essencial a prevenção da infecção pelo coronavírus. "Pessoa com doenças de base, continuem em casa, esperem a vez de vacinar, tratem a sua doença, não deixem de tratar essa doença de base, essa doença que causa o processo inflamatório, combinada ao coronavírus, torna-se ainda mais grave. A pessoa vai ter risco de óbito muito maior, chegando até a 90% dependendo da idade", conclui o médico.
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