Em preparação ao retorno às aulas presenciais em Belo Horizonte, a Secretaria Municipal de Educação (Smed) enviou a profissionais de ensino da rede municipal da cidade um ofício solicitando que apresentem laudo médico caso tenham comorbidades que os impeça de comparecer às aulas. O documento, distribuído nessa segunda-feira (23), também determina que os profissionais de assistência administrativa, como membros da secretaria e das bibliotecas, que vinham operando em escalas de plantão, passem a comparecer normalmente às escolas municipais a partir do dia 1º de março, próxima segunda-feira.
A Smed trabalha com a possibilidade de retorno presencial das aulas do ensino infantil na capital em março. A uma semana do início do mês, porém, não esclareceu quando exatamente elas retornarão. Nesta quarta-feira (24), membros do comitê de enfrentamento à pandemia em BH terão uma reunião em que o assunto será discutido.
O ofício enviado aos profissionais da educação exige que eles marquem perícia médica até o dia 28 de fevereiro para comprovar se não têm condições de ir às escolas, o que acende a suspeita de alguns deles de que o início das atividades presenciais será no início de março. Na perícia, para solicitar afastamento do trabalho presencial, os profissionais devem apresentar uma avaliação realizada pelo médico de sua escolha, que pode ou não ser aceita pelos peritos.
A prefeitura considerará inaptos para o trabalho presencial os trabalhadores com mais de 60 anos — que somam cerca de 1.000, de quase 16 mil —, aqueles que têm cardiopatias e pneumonias graves ou descompensadas, imunodepressão, doenças renais crônicas em estágio avançado, diabetes, doenças cromossômicas que levam a fragilidade imunológica, doença hepática avançada e obesidade.
A Smed afirma que a solicitação do laudo médico é uma preparação para um eventual retorno às aulas presenciais e que a convocação das equipes administrativas às escolas servirá para organizar o retorno das atividades, que será decidido pelas autoridades da saúde.
Sindicato de professores de BH mantém intenção de levantar greve
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (Sind-Rede BH) reforça que os servidores devem entrar em greve se houver confirmação de aulas presenciais no início do próximo mês. Eles têm assembleia marcada para a manhã de sexta-feira (26).
“Estamos apavorados com uma imposição de data de retorno. Eu sou professora e tenho asma, liguei hoje para vários lugares e consegui marcar consulta só para o dia 13 de março. A perícia é questionável, porque sabemos de casos que foram recusados antes e durante a pandemia, de profissionais com adoecimento psicológico gravíssimo”, diz uma das diretoras do sindicato Evangely Rodrigues.
O sindicato reivindica que as aulas só retornem com ampla vacinação na cidade, inclusive dos profissionais da educação, e com finalização das obras de adequação dos espaços de aula. “A educação infantil tem a premissa do cuidado. Quando a criança chega no portal da escola chorando, somos nós quem a carregamos. Quando ela chega sem febre e fica febril 30 minutos depois, tem pai que busca na hora, outros deixam lá. Se tem coriza, nós é quem limpamos. Se não temos teste de Covid-19, como vamos voltar para casa todo dia, pensando se estou levando o vírus para a família?”, questiona uma professora da educação infantil que dá aulas na região Noroeste de BH e que pediu para não ser identificada.
Em princípio, o plano da prefeitura é retomar o ensino presencial para as crianças de até cinco anos, de forma opcional. Uma das justificativas para o retorno das atividades é que há indícios científicos de que as crianças transmitem menos o vírus.
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