É sugestivo, chega a ser um tanto irônico para o torcedor cruzeirense ver Abel e Rogério Ceni, dois dos nomes que geraram mais alarde na temporada que sacramentou o rebaixamento celeste, lutando pelo título brasileiro. Mais do que isso: testemunharmos o sucesso do atual treinador do Internacional haveria de servir como um ponto de reflexão, de autocrítica para boa parte da imprensa.
Não se trata de se provar um profeta do acontecido. Eu mesmo fui contra a escolha do campeão nacional de 2012 pelo Fluminense para salvar a Raposa. Mas fazia as críticas com temperança e me baseando estritamente em aspectos técnicos, táticos; em avaliações dos trabalhos recentes deste profissional. O que se viu, em grande medida, por aí, infelizmente, não se limitou a estas alçadas.
Diversos comunicadores descartaram Abel de modo determinista, peremptório, generalista. O “coragem para dizer a verdade”, na mídia esportiva, frequentemente se trasveste em “pretexto para despejar bobagens”; pior: fere a honra de pessoas, despreza biografias arduamente erigidas.
A solidificação do “lá vem o Abelão” nada mais é do que o futebol sambando na cara de quem padece pelo pendor para criar teorias supostamente redentoras, capazes de edificar regras absolutas, inquebrantáveis; é a modalidade que tanto amamos insistentemente nos convidando à sabedoria nas análises, a um distanciamento prudente.
Jogador derruba técnico?
As teorias da conspiração andaram proliferando. Muita gente sugerindo a vigência de um boicote a Sampaoli. Voltou a circular entrevista de Kalil afirmando que, em 2010, atletas fizeram “corpo mole” para se livrarem de Luxemburgo. Acredito que pode acontecer de um grupo sabotar seu comandante.
Só não creio que devemos banalizar o discurso. Tampouco cairmos no grave erro de julgar sem fundamentos sólidos. Réver foi bem na entrevista de sexta: não há elementos concretos para brincarmos com ilações que duvidam do caráter alheio; não surgiram fatos suficientes para que embarquemos na onda de que os jogadores do Atlético mudaram suas posturas.
Bom reforço?
Bom não; ótimo! Nacho Fernández é o protótipo do meio-campista completo. Nem volante que pouco agrega na criação, nem armador que se descola da marcação na fase defensiva: o argentino faz de tudo um pouco, e tudo muito bem; pode jogar em diferentes funções, e carrega consigo o potencial de mudar o patamar de uma equipe.
Golaço do Galo, que ganhará um reforço tão útil, regular, quanto capaz de desequilibrar partidas com o brilho do seu talento.
O verdadeiro melhor do mundo
Parafraseando Fernando Calazans: desde que chegou ao City, Guardiola não ganhou a Champions; azar da competição europeia. O Bayern levou o torneio da Fifa. Mas o melhor time do planeta, na atualidade, é o líder do Inglês.
Não surpreende: para quem acompanha os jogos na íntegra, se descola de meras representações, os Citizens, sob a égide do catalão, em muitos momentos, a despeito de escorregões no mais badalado certame do mundo, têm apresentado o mais consistente desempenho do Velho Continente.
Rei na Tela
Estreia nesta terça, na Netflix, documentário dedicado a Pelé. O filme tem recebido críticas favoráveis, promissoras – como as de Juca Kfouri, na Folha e no Uol. Depois de Maradona ter sido tema de ótimo trabalho de Asif Kapadia – cineasta que dirigiu obras-
primas sobre Senna e Amy Winehouse, e produziu o esplendoroso “Supersonic”, que versa a respeito dos inacreditáveis anos iniciais do Oasis –, legal a oportunidade de acompanharmos um esforço ambicioso voltado ao rei do futebol.
Interferência da arbitragem
Raphael Claus errou feio ao expulsar Rodinei, do Internacional. Lance indiscutivelmente para amarelo.
Favorito ao título
Apesar da feroz concorrência no Oeste, se fosse apontar, hoje, um favorito ao título da NBA, escolheria o Brooklyn Nets.
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