O termo tempestade perfeita é usado quando diversas e raras circunstâncias se combinam, transformando-se em um desastre. Parece esse o cenário que o governo federal deixa para o país e seu povo já neste final de 2020. Todas as notícias que estão sobre a mesa mostram um Executivo paralisado diante de emergências, incapaz de traçar planos e sinalizar sáídas econômicas, sanitárias ou sociais.
Todos os sacrifícios feitos pelo mundo neste ano de pandemia eram para que a ciência tivesse tempo de encontrar – numa velocidade inédita – alguma vacina. O esforço internacional (de empresas e governos) mostrou-se gigantesco e vitorioso. Dezenas de países (inclusive tão ou mais pobres que o Brasil) já deram início às suas campanhas de imunização. Por aqui, reina o caos.
O Brasil, num movimento único entre todas as nações, se vê em mesquinhas disputas políticas que colocam em risco a saúde da população e a vida de milhões. O que assistimos é a um absurdo jogo de cena em que a irresponsabilidade de nosso governantes é desmascarada a cada vez que um novo país nos humilha com suas campanhas de vacinação executadas de forma racional e pacifica. E rápida.
Chegamos ao réveillon ouvindo frases e provocações comprovadamente inúteis, para não dizer nefastas. Somos uma economia frágil, dependente. O PIB brasileiro deve cair de sexto para 12º maior do planeta. Devemos manter a posição de 27º exportador mundial de mercadorias: a fatia do Brasil é de 1,2% do total global.
O desemprego já atinge 14 milhões de brasileiros, em números oficiais. O mesmo IBGE já calculava, desde maio, que metade dos cidadãos não tem trabalho, mesmo aquele na informalidade mais brutal. Contrato de aluguel vencido neste mês de dezembro fica 23,14% mais caro. Basta ir ao supermercado para constatar que a inflação de alimentos retornou ao cotidiano, e feroz.
Sobram combinações desastrosas nesse furacão que já começa a nos puxar para o centro de uma crise ainda mais aguda que a de 2020. A principal e já antecipada decisão finalmente se concretizou: o auxílio emergencial termina hoje com último depósito para 3,2 milhões de pessoas. Acabou.
Um país nessas condições tão adversas deveria ter um governo completamente engajado em criar soluções – em vez de ocupado em destruir relações internacionais e promover nosso isolamento da comunidade internacional.
As forças da natureza que nos trouxeram até aqui, aliadas ao amontoado de equívocos, erros de calculo, incompetência, excesso de militância e retórica de fanfarrões já se uniram perfeitamente. A tempestade que nos aguarda já está bem em cima de nossas cabeças.
Precisamos de um governo que nos conduza nessa travessia. Será longa.
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