A alfabetização há tempos é um dos assuntos mais relevantes no cenário brasileiro. E digo “cenário” pois não abrange tão somente a área educacional, mas também, a social e política de igual modo. Fazendo um exercício de reflexão sobre a temática, voltamos no tempo na época do Brasil Império. Reis e rainhas, povo analfabeto. Caminhando cronologicamente, encontramos uma educação que segrega, ou seja, somente para os “com posses” e mais, do sexo masculino. Algumas longas décadas adiante e encontramos outras formas de governo, cada qual com sua bandeira, mas, todos apresentando algum propósito para a educação e, naturalmente, a alfabetização era incluída nesse movimento. Contudo, até o ano de 2019 essa preocupação – seja ela apenas de cunho político ou não, se apresenta com os mesmos objetivos: diminuir o índice de analfabetos no país.
Apesar de todos os esforços para a melhoria da condição de ser alfabetizado, há uma latente necessidade de avanço. Nesse cenário, precisamos não de um movimento político isolado de alfabetização, afinal, já tivemos tantos – Pnaic, Mais alfabetização, Programa Brasil Alfabetizado etc – mas sim, de um movimento articulador de formação integral dos nossos estudantes. Buscar formar nossas crianças e dar-lhes condições para que não tenham que abandonar a escola e lutar por sua sobrevivência e de sua família, não sem antes decodificar o mundo das letras, de compreender a necessidade e a importância de saber ler, escrever, se posicionar política e socialmente, de ser “gente” perante uma sociedade capitalista.
Em nosso último senso demográfico (2010), percebemos que a maior parte dos analfabetos acima dos 14 anos de idade estão alocados nas áreas periféricas, ou seja, numa condição socioeconômica que demanda políticas públicas, não apenas voltadas para a alfabetização, mas de qualidade de vida, ou seja, saúde, moradia, saneamento básico, de lazer – sim! – educação, formação, trabalho e tantos outros aspectos que englobam o viver com o mínimo de dignidade.
A alfabetização é isso: é vida, é progresso, é social. O país ainda continua – não com reis e rainhas, entretanto, com um grande percentual de cidadãos analfabetos – totais ou funcionais.
Autoras:
Kellin Inocêncio é mestre em educação e professora do Centro Universitário Internacional Uninter.
Gisele Cordeiro é doutora em educação e coordenadora da área de Educação da Escola Superior de Educação do Centro Universitário Internacional Uninter.
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