A elevação nas internações de pacientes graves por Covid-19 em Belo Horizonte preocupa médicos e enfermeiros que atuam na linha de frente no combate à pandemia. O alerta é maior na rede particular. Em menos de 15 dias, a taxa de ocupação na terapia intensiva aumentou mais de 40%. O Sistema Único de Saúde (SUS) também registrou crescimento.
Em carta que viralizou nas redes sociais, ontem, o Grupo Colaborativo dos Coordenadores de UTIs das redes pública e privada da capital disse que, após 21 dias de estabilidade, nesta semana houve incremento de 20% nas hospitaliza-ções em terapia intensiva. Já a quantidade de pessoas que necessitaram de ventilação mecânica subiu 23%.
Casos semelhantes também estão sendo observados pelo médico Leandro Braz de Carvalho, diretor científico da Sociedade Mineira de Terapia Intensiva (Somiti). Apesar de a entidade não ter ligação com o alerta do grupo de voluntários, o profissional afirma que os números divulgados pela iniciativa, não oficiais, podem refletir em breve nas estatísticas do poder público.
“Há um grupo que diz que a imunidade de rebanho é necessária, porque quanto mais pessoas infectadas maior vai ser a chance de ficarmos livres da doença. Mas não é assim. Quanto mais infectados, mais doentes graves e mais pessoas morrendo”.
Conforme o boletim epidemiológico da PBH divulgado ontem, 52.081 moradores testaram positivo para Covid-19. Dessas, 1.597 não resistiram às complicações da enfermidade e vieram a óbito.
Na rede SUS da capital, profissionais da saúde afirmam que pacientes com suspeita de infecção pelo novo coronavírus e que precisam ser internados estão esperando um pouco mais por uma vaga em hospital. “Estamos sentindo essa dificuldade na transferência”, frisou Lília Goretti Viegas Henriques, coordenadora de Enfermagem da UTI de uma unidade de saúde da cidade.
Pedidos são feitos à Central de Leitos, da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA). Em nota, a pasta informou monitorar os indicadores da doença e que qualquer agravamento será tratado da forma devida visando a preservar vidas. Porém, não disse o motivo da demora no atendimento.
Ontem, o secretário de Estado de Saúde (SES), Carlos Eduardo Amaral, afirmou que Minas Gerais não está na segunda onda da pandemia e não há sinalização de explosão de casos. Mesmo assim, a pasta interrompeu a desmobilização de leitos de UTI. “Orientamos a desmobilização. Só que agora, como estamos tendo uma flutuação nítida (de notificações confirmadas da doença), não é o momento para continuar”.
A reportagem procurou a associação que representa os hospitais particulares para comentar sobre o assunto, mas não conseguiu contato com representantes da entidade.
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