Faltando um mês para completar meio século de vida, a jornalista Cláudia Gabriel começou a postar nas redes sociais algumas das inquietações que vêm com a idade, em geral, a partir de situações ocorridas no dia a dia, como a queda de um copo de vidro na cozinha, durante a madrugada.
“Fui tomar água e derrubei o copo, fazendo aquela sujeira toda. Sem os óculos, tentava recolher os caquinhos espalhados pelo chão”, registra. O fato se transformou numa metáfora sobre o medo de se cortar e a necessidade de haver delicadeza para não se machucar na vida.
O copo estilhaçado é a centelha de um dos textos que compõem “Escrito na Chuva”, livro que será lançado hoje, às 19h45, em live no Instagram. Seja um dedo quebrado ou uma xícara desbotada, todas as situações apontam para insegurança gerada pelo amadurecimento.
Em Belo Horizonte, o livro estará à venda na livraria Opus (rua Rodrigues Caldas, 174) e na Loja Bem Mineiro, no CCBB (Praça da Liberdade). Na internet, poderá ser adquirido pelo site da Amazon
“São coisas que parecem pequenas, mas que já vão mostrando as limitações da idade. São dores físicas e emocionais, em que você questiona tudo o que se passou, sobre o que poderia ter feito de diferente em sua vida. É uma avaliação sobre o que os caminhos trouxeram de bom e de ruim”, assinala a autora.
Leveza
Segundo Cláudia, os textos foram escritos com dose de leveza, entre crônicas, poemas e frases. “O título é muito significativo desta abordagem, pois remete à água que vem de um rio, do choro ou de uma imagem nostálgica, como o vidro com pingos de chuvas e as poças criadas no asfalto”, observa.
A jornalista, nascida em Juiz de Fora, afirma que nunca teve a pretensão de se aprofundar nos temas. A proposta era dividir dúvidas, conflitos e anseios com seus seguidores nas redes sociais, “como se estivesse pensando alto e deixando os leitores ouvirem o monólogo”.
Para a publicitária Cris Guerra, que assina o texto da contracapa e também chegada aos 50 anos, a escritora é fiel à sua essência, ao renovar “como criança o seu olhar para o mundo, amortecendo assim a dureza da realidade que não costuma melhorar com o avanço do tempo”.
Sem desespero
Cláudia não tem receita pronta para quem está entrando para faixa dos 50, mas destaca que certo desprendimento é essencial. “Não que a pessoa deva perder a vaidade, mas seria bom se desvencilhar de alguns conceitos e padrões. Muitas mulheres deixaram de pintar o cabelo, por exemplo; eu continuo, mas sem aquele desespero”.
Ela sublinha que o amadurecimento, por outro lado, traz questões interessantes. “O fato de você não se preocupar mais com o olhar do outro, com a opinião do outro, é algo libertador”, destaca a jornalista, que está em segundo livro. O primeiro foi “Licor de Cassis”, lançado em 2014.
“Escrito na Chuva” integra um projeto maior, com fragmentos de textos estampando echarpes. Uma maneira, diz ela, de levar poesia às ruas por meio de um acessório de moda. E por falar em poesia, este deverá ser o gênero literário de seu próximo trabalho, ainda em produção.
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