Um dos principais pilares do Democrata, o Recanto do Jacaré, há um ano, deixou de pertencer ao clube centenário. Por decisão judicial, depois de um leilão realizado em 2012 e provocado por diversos processos trabalhistas que se arrastavam desde 2006, o time foi obrigado a entregar a posse do espaço ao arrematante. Mesmo obrigada a abrir mão do local, a diretoria do Democrata trabalha para que “a alegria volte ao Recanto”.
Como surgiu o Recanto
Foi no início dos anos 1980 que o ex-presidente do Democrata Futebol Clube, Geraldo Antônio da Costa, o popular, visionário e saudoso Geraldo Negocinho, idealizou um clube de lazer para os associados do Clube. O objetivo era fortalecer a instituição, amealhando sócios e reforçando seu caixa para, consequentemente, sustentar o time de futebol, razão de existir do Jacaré.
Nascia, então, em 1983, o Recanto do Jacaré, numa área de aproximadamente 56 mil m2, no bairro Vale das Palmeiras, próxima ao Parque de Exposições JK. Ali, famílias inteiras se reuniam, praticavam esportes como futebol, peteca, vôlei, natação, soltavam papagaio, discutiam sobre o Democrata e, principalmente, faziam amizade.
O Recanto, como era (e ainda é) carinhosamente chamado, viveu seu auge nos anos 1990, atingindo 1.500 sócios adimplentes, gerando emprego, renda e relações saudáveis. No início dos anos 2000, contudo, o clube social foi fechado. A diretoria democratense entendia, à época, que o espaço deveria ser transformado em um centro de treinamentos para o time de futebol, que treinava e jogava no Estádio José Duarte de Paiva.
Por falta de planejamento e recursos não foi possível concluir as obras do CT, tendo o Recanto sido abandonado até 2008, quando o presidente Humberto Timo renunciou ao cargo para que assumisse Felisberto Gregório de Abreu, então presidente do Conselho Deliberativo. A partir daí algumas melhorias foram feitas na estrutura do Recanto, que, apesar do acanhamento e estrutura precária, passou a abrigar a escolinha de futebol, categorias de base e o time profissional até 2019.
Dívidas e leilão
Neste meio tempo, porém, o Democrata sofreu um duro golpe. Em 2012, em leilão judicial provocado por diversos processos trabalhistas que vinham desde 2006, o Recanto foi arrematado por R$ 820 mil. Valor abaixo do mercado uma vez que um lote de 360m2 era avaliado por cerca de R$ 200 mil no mesmo bairro. Estranhamente, o valor da avaliação judicial do terreno foi reduzido de R$ 5,4 milhões para R$ 1,5 milhão pouco tempo antes da realização leilão.
Desde então, foi travada uma batalha tanto judicial, quanto extrajudicial, na tentativa de um acordo com o arrematante. Fracassadas todas as tentativas de solução do problema, em meados de 2019, há um ano, o Democrata foi obrigado, judicialmente, a dar posse do imóvel ao arrematante, tornando-se um “sem-casa” até outubro do mesmo ano, quando voltou à Arena do Jacaré, depois de vencido o prazo de 10 anos de comodato ao Estado de Minas Gerais.
Mesmo com o retorno da Arena, a perda do Recanto do Jacaré fez com que o Democrata perdesse boa parte de sua identidade. Aquele espaço era o pilar do Clube e poderia se tornar, com muito trabalho, um grande centro de lazer para a população e formação de jovens atletas.
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