Júlio Cesar Santos Souza, de 44 anos, que confessou ter decepado as patas do cachorro Sansão, no dia 6 deste mês, em Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte, foi multado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) por maus-tratos ao cão e a outros 13 animais.
Segundo a pasta, o agressor tinha em sua posse três cães, três gatos e sete galinhas, das quais uma acabou morrendo em consequência dos crimes. Com relação a esses animais, a Polícia Militar do Meio Ambiente já havia lavrado outras duas multas por maus-tratos, somando, então, cerca de R$ 19 mil.
Evidências
As ações de fiscalização teriam começado após às mutilações em Sansão. De acordo com a Semad, no dia seguinte, policiais compareceram ao local para autuar o responsável pelas agressões, aplicando uma multa de R$ 1.855,80. Já no dia 11 de julho, os militares retornaram para uma fiscalização relacionada aos animais que o homem tinha em casa. No endereço, foram encontrados outros 13 animais sofrendo de maus-tratos - eles estavam abandonados, sem abrigo, alimentação e água.
Na ocasião, uma galinha morreu e outros 11 bichos foram apreendidos e encaminhados aos cuidados da Sociedade Protetora de Animais. Nessa ação, um novo auto de infração foi lavrado, dessa vez por conta dos maus-tratos contra o animal que morreu, no valor de R$ 3.711,60.
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Depois disso, a Semad gerou mais um auto de infração, no valor de R$ 13.361,76, com o objetivo de tomar as medidas administrativas cabíveis em relação aos outros 12 animais sobreviventes. "Embora não tenham sofrido mutilações ou não tenham morrido, estavam comprovadamente em situação de maus-tratos, inclusive atestado por médica-veterinária", informou o órgão.
Segundo a coordenadora de Fauna e Pesca da Semad, Samylla Mól, quando um cidadão age de forma contrária à lei que protege o meio ambiente e a fauna, ele terá que responder em três esferas: na cível, na criminal e na administrativa. Quanto à administrativa, cabe atuação da Semad ou da PM do Meio Ambiente na fiscalização, aplicando sanções se necessário. “A multa administrativa tem por finalidade desestimular o comportamento ilícito, no caso os maus-tratos aos animais, e também punir o infrator”, disse.
Relembre
Sansão, de 2 anos, tomava conta de uma fábrica de ensacados, e o agressor mora ao lado da empresa. No dia 6 de julho, o animal foi encontrado ensanguentado e sem as duas patas traseiras no terreno do agressor.
Na semana passada, o cão ganhou cadeiras de rodas para poder se locomover. No entanto, no início desta semana, ele já conseguia andar sem a ajuda do equipamento.
Atualmente, ele está internado no Hospital Veterinário da Faculdade Arnaldo, em Belo Horizonte, recebendo todos os cuidados para o reestabelecimento de sua saúde. De acordo com a médica-veterinária Ticiana Lima Dornas, Sansão passou por um procedimento inicial cirúrgico de ligadura dos vasos sanguíneos antes de chegar à unidade, para evitar que ele tivesse uma piora que pudesse evoluir para o óbito.
“Logo que ele chegou nós já fizemos uma transfusão sanguínea. Como foi usada uma foice para provocar os ferimentos, ela provavelmente estava contaminada e por isso ele tem infecção nos pontos. Mas observamos que está respondendo muito bem ao tratamento, tomando suplementos e evoluindo de forma muito satisfatória”, contou a especialista.
No futuro, conforme Sansão evoluir, a veterinária acha que será possível pensar na possibilidade de prótese fixa. “Para isso, ele precisa se recuperar 100%. Porque o uso da prótese exige exames mais profundos que só serão possíveis se ele estiver totalmente recuperado. É uma possibilidade para ser estudada mais para frente. Temos que lembrar que o tratamento tem apenas nove dias”, completa.
Outro lado
A reportagem de O TEMPO tentou entrar em contato com o agressor para falar sobre essas multas, mas sem sucesso. Anteriormente, ele disse que, constantemente, o cão pula o muro e avança nos animais dele. "Eu já venho sendo incomodado há bastante tempo, já pedi, já avisei aos donos, fiz boletim de ocorrência e os donos não resolveram. Ontem, ele pulou o muro, invadiu meu terreno e agrediu meu cachorro. Eu não vou encarar um pitbull de mãos vazias. Ele pode ser dócil com os donos dele, mas eu não sou dono dele. Peguei alguma coisa para me defender caso ele avançasse", explicou o homem.
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