Um estudo brasileiro estima que o número total de infectados por coronavírus no Brasil chegaria a 1.657.752 (podendo variar entre 1.345.034 e 2.021.177) na segunda-feira, 4. Ou seja, 15 vezes mais do que os 107.780 casos confirmados pelo Ministério da Saúde. Isso colocaria o país como o novo epicentro da doença, à frente dos Estados Unidos. Hoje, o país ocupa oficialmente esse status com 1,1 milhão de casos confirmados de Covid-19.
“O Brasil já é o epicentro global do coronavírus”, disse o pesquisador Domingos Alves, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, que trabalhou no estudo, ao jornal americano The Wall Street Journal.
A análise está no portal Covid-19 Brasil, que reúne pesquisadores de diversas universidades brasileiras. Diante de uma provável subnotificação massiva de infectados, os pesquisadores chegaram a essa estimativa a partir de uma modelagem reversa, baseada no número de mortes notificadas no Brasil e na taxa de letalidade da Coreia do Sul, que é 1,1%, ajustada para a pirâmide etária do país.
De acordo com os pesquisadores, a Coreia do Sul é um dos poucos países que têm conseguido realizar testes em massa, o que colocar sua taxa de mortalidade em um patamar mais confiável do que mundial ou a de outros locais. Eles também ressaltam que pode haver uma subnotificação das mortes por Covid-19 no país, mas consideram este um número mais consolidado que o número de casos.
O Brasil realizou apenas 1.597 testes por milhão de habitantes. Para fator de comparação, os Estados Unidos realizaram 22.591 testes por milhão de pessoas e Portugal, o país que mais testou a população, realizou 44.132 testes por milhão de habitantes, segundo informações da empresa de dados Statista.
A ampliação da realização de testes é uma prioridade do Ministério da Saúde e dos estados para entender a dimensão da pandemia no Brasil. Mas isso ainda não foi ampliado na prática.
Um estudo publicado recentemente pela Universidade Imperial College London, na Inglaterra, estima que o Brasil tem a maior taxa de transmissão (chamada de R0) do novo coronavírus no mundo. De acordo com a pesquisa, a taxa de transmissão do país (chamada de R) é de 2,81. Isso significa que no Brasil, cada infectado transmite o vírus para cerca de outras três pessoas. Quanto mais alto esse valor, maior a velocidade de transmissão da doença e maior o risco de sobrecarga no sistema de saúde.
De acordo com especialistas, medidas de relaxamento de quarentena devem ser adotadas apenas por países com R (taxa de transmissão) menor do que 1. Fazem parte dessa lista Alemanha, cuja taxa é de 0,8 e Grécia, que tem a menor taxa entre os países analisados, com 0,41. Ou seja, o Brasil está longe disso no momento.
Inclusive, na análise, o país faz parte do grupo que apresenta ascensão da infecção, ao lado do Canadá, Índia, Irlanda, México, Paquistão, Peru, Polônia e Rússia. Por outro lado, Itália, França, Espanha e República Dominicana estão em fase de declínio da infecção e na Alemanha, Portugal, Bélgica, Colômbia e EUA, a taxa está estabilizada.
Em relação ao número de mortes, o Brasil está na lista de países com previsão de um alto número de mortes na semana seguinte ao estudo, ao lado do Canadá, Equador, França, Itália, México, Espanha e Reino Unido.
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