Houve mais de 760 mil acessos no canal da Rede Minas no YouTube, com um pico de 270 mil visualizações simultâneas, no primeiro dia das teleaulas da rede pública de ensino. Mas a frustração de pais e alunos chamou mais a atenção do que os números. O pouco tempo das aulas, as explicações rápidas e a incompatibilidade do material didático foram as principais insatisfações apontadas por quem estava acompanhando o conteúdo.
“O mais difícil foi não entender nada”, contou Davi Mendes da Silva, de 10 anos, aluno do quinto ano do ensino fundamental, da Escola Estadual Duque de Caxias, na região do Barreiro. Para a mãe dele, Tayara Mendes, de 31, faltou ajustar o material da apostila com o conteúdo que estava sendo transmitido na teleaula. “Eu imprimi as atividades, mas o que foi dado ontem não tinha nada a ver”, relata.
Ela também reclamou da rapidez da aula, que teve apenas 20 minutos. No entanto, o mais complicado na opinião de Tayara é a falta de adaptação para crianças com alguma necessidade especial, como o Davi, que é autista. “Na sala, ele consegue acompanhar muito bem, pois tem uma professora auxiliar que ajuda na adaptação dos conteúdos, o que não é possível por este modelo”, comenta Tayara.
Segundo ela, os professores da escola têm feito de tudo para ajudar, mas, mesmo assim, ainda estão perdidos. “A professora até criou um grupo no WhatsApp com os pais, para mandar orientações. Só que até eles são pegos de surpresa”, explica.
Rosana Faria é mãe de dois alunos da mesma escola, do segundo e do quinto ano do fundamental. “Deixou muito a desejar. A aula para o mais velho foi rápida demais, a professora lia um roteiro e não dava para acompanhar, porque o que estava na apostila era diferente. Para o mais novo, não teve teleaula, só atividades. Eu acho que o modelo pode até funcionar para o ensino médio, porque os adolescentes têm mais autonomia, mas, para crianças, não está dando certo”, relata.
Rosana tem percebido a dificuldade dos pais. “Eu dou aulas particulares e estou tendo muita procura, porque eles não têm condições de acompanhar os filhos com os planos de estudo apresentados”, comenta. “Sinceramente, era melhor cancelar esse ano”, destaca.
Mesmo para os adolescentes, o modelo não foi aprovado. “Eu particularmente não gostei muito. A matéria que foi ministrada na teleaula de hoje não está batendo com a matéria que eu estava vendo na escola antes da pandemia”, conta Camilly Vitória Ricarte Rodrigues, de 16 anos, do segundo ano do ensino médio na Escola Estadual Alberto Delpino.
Na opinião da estudante, o modelo remoto surtiria mais efeito se fosse possível que as aulas fossem dadas pelos próprios professores das escolas. “Daria continuidade no que já estávamos vendo, seria melhor para tirar dúvidas e, assim, não ficaríamos prejudicados”, afirma Camilly.
Balanço do primeiro dia
Além dos 760 mil acessos no canal da Rede Minas, o site estudeemcasa.educacao.gov.br, em que estão todas as apostilas do Plano de Estudo Tutorado (PET), os vídeos das teleaulas e os guias práticos, registrou mais de 5 milhões de acessos nos últimos cinco dias. A média é de 12 mil acessos simultâneos por hora.
Além disso, nessa segunda-feira (18), outra ferramenta do Regime de Estudo Não Presencial, o aplicativo Conexão Escola, ficou entre os mais baixados na plataforma Google Play Store no Brasil, na oitava posição. Só até a parte da manhã de segunda-feira, eram mais de 485 mil downloads da plataforma. Já o app da Rede Minas, pelo qual também é possível acompanhar as aulas ao vivo, teve aumento de 2.300%, com 12 mil downloads.
Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Educação (SEE-MG) destaca que os diretores das unidades escolares da rede estadual realizaram um mapeamento e já estão entregando o material impresso para quem não tem acesso às ferramentas digitais.
Para os estudantes público da educação especial, os PETs deverão ser adaptados pelas escolas de acordo com o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) do estudante, com o grau de autonomia para a execução da atividade e com o recurso educacional especializado necessário para execução da atividade fora da escola.
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