A Arena MRV, que teve o dia 20 de abril como marco do início das obras, será o oitavo estádio de futebol de Belo Horizonte. Quem garante é Georgino Jorge de Souza Neto, que pode ser considerado o maior especialista sobre o assunto, pois sua tese de Doutorado, defendida em 2017 na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) foi: “Do Prado ao Mineirão: a história dos estádios da capital inventada”.
“Pesquisei todos os jornais e revistas de Belo Horizonte disponíveis nos vários arquivos que a cidade tem. Isso de 1906 a 1965, ano da inauguração do Mineirão. Com base neste trabalho, posso garantir que as publicações registram apenas sete estádios na capital numa análise que envolve estrutura e também o fato de ter recebido jogos oficiais ou até amistosos das várias equipes que a capital já teve desde o início do século passado”, revela Georgino.
E a inauguração da Arena MRV, que acontece no máximo em mais três anos, vai provocar uma situação que Belo Horizonte já viveu por duas vezes, que é ter três bons estádios, claro considerando os padrões da época, ao mesmo tempo.
“No final dos anos 1920, a gente tinha o Antônio Carlos, em Lourdes, a Alameda, em Santa Efigênia, e o Barro Preto. Depois, nos anos 1940, esses estádios passaram por reformas e ficaram muito bons para a época. O Campo do América podia receber entre 12 e 15 mil pessoas. Já as praças de Atlético e Cruzeiro, entre 10 e 12 mil torcedores”, afirma o pesquisador, que é professor da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).
Os estádios de Belo Horizonte segundo Georgino Jorge de Souza Neto
Prado Mineiro: “foi construído para o Turfe, mas a Sociedade Prado Mineiro decretou falência em 1911.Em 1912, o espaço é apropriado pelo futebol, pois já tinha arquibancadas do turfe. O campo de futebol ficava no centro de onde era a pista de corrida dos cavalos. Aproveitam a estrutura. O pontapé inicial mesmo foi em 1914, com a Taça Bueno Brandão”.
Estádio do América: “ficava onde está o Mercado Central. Ele constrói um estádio e inaugura em 1923. Mas aí ele faz uma permuta com a Prefeitura, que pega o espaço para fazer o Mercado Municipal e banca a construção da Alameda”.
Estádio do Palestra: “foi inaugurado em 1923, no Barro Preto, quando o clube tinha apenas dois anos de fundação. Inicialmente era para mil pessoas, passando a capacidade depois para duas mil”.
Alameda: “é o segundo estádio americano. É inaugurada inacabada, em 1928, ficando mesmo pronta em 1929. Ficava no Santa Efigênia, onde hoje há um supermercado Extra, na Região Hospitalar”.
Estádio Antônio Carlos: “o Atlético tinha um campo onde hoje está o Minascentro, mas não se pode chamar de estádio, pois não apresentava estrutura para isso e nem recebia jogos oficiais. O terreno também foi trocado com a Prefeitura por um em Lourdes, onde atualmente está o Shopping Diamond Mall”.
Independência: “o estádio começa a ser construído pelo Sete de Setembro. Mas a maior parte do dinheiro usado na obra foi da Prefeitura, pois a Alameda não é aceita pela Fifa para receber jogos da Copa de 1950 e Belo Horizonte precisa de um local para receber os jogos”.
Mineirão: “é o único dos estádios de Belo Horizonte construído 100% com dinheiro público. Nos anos 1950, antes da sua construção, você tem na cidade três ou quatro projetos de grandes estádios, mas eles não vão para a frente”.
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