Como já era esperado, o Cruzeiro confirmou, em nota, a demissão de ‘vários’ funcionários nesta quinta-feira, dia do aniversário de 99 anos do clube. Os desligamentos fazem parte da reestruturação da instituição celeste, que atravessa uma grave crise financeira e precisará enxugar os gastos em 2020, uma vez que a equipe disputará a Série B do Campeonato Brasileiro e terá queda na arrecadação.
No comunicado, o Cruzeiro informou que houve “demissões espontâneas e desligamentos”. O clube também enxugou setores.
Apesar do anúncio das saídas, a Raposa não confirmou quais os cargos extintos ou funcionários demitidos. Contudo, sabe-se que um deles é Alexandre Comoretto, conhecido como Gaúcho, que trabalhava no clube social e era articulador político do ex-presidente Wagner Pires de Sá e do ex-vice de futebol, Itair Machado.
Foto: Divulgação/Cruzeiro
Ex-goleiro do Cruzeiro, Raul Plassmann foi um dos demitidos nesta quinta-feira pelo clube, que iniciou um processo de enxugamento do quadro de funcionários com a intenção de melhorar a situação financeira. Em contato com o repórter Samuel Venâncio, da Itatiaia, Raul se mostrou surpreso com a decisão do Núcleo Dirigente Transitório e não poupou críticas à atitude da Raposa.
“Uma das secretárias me chamou lá para conversar e, quando cheguei, fui informado de que estava desligado. Ninguém da direção conversou comigo, (disseram ser) contenção de despesas. Até parece que eu ganho R$ 20 mil, R$ 30 mil, R$ 40 mil, R$ 100 mil, não é o caso”, afirmou o ex-atleta que trabalhava no marketing viajando por cidades divulgando o projeto Reduto Azul.
Triste com a demissão, Raul Plassmann revelou o salário que recebia no Cruzeiro e ironizou. “Eles acharam que pagar R$ 12 mil, R$ 15 mil por mês é uma quantia exagerada para um cara que poderia contribuir para juntar os cacos do clube na reconstrução. Fiquei surpreso com a demissão por várias razões. Pelo salário pequeno, que é pequeno por tudo o que eu representei e represento para o clube, pelo meu contato com o torcedor. Faltou sensibilidade para esse pessoal. Não é só enxugar, porque o que eles vão enxugar com o meu salário é ridículo”, disparou.
Presidente do Núcleo Diretivo Transitório, Saulo Fróes disse nesta quinta-feira que a demissão de Raul Plassmann foi “totalmente profissional” e que o salário do ex-goleiro era incompatível com a atual situação do clube. "Sou fã do Raul, é um ídolo do clube, mas a demissão dele foi totalmente profissional. Não posso falar o salário dele, mas o valor é fora da realidade atual do Cruzeiro", afirmou Fróes em entrevista à ESPN Brasil.
Raul Plassmann ressaltou ainda que ocupava um cargo que nunca tinha exercido na vida. Segundo o ex-goleiro, o Cruzeiro assinou sua carteira como diretor do Sócio 5 Estrelas, mas ele sequer tinha uma sala e que somente viajava de ônibus com a equipe do marketing para divulgar o Reduto Azul em cidades do interior de Minas.
“Descobri em 2019, por causa do Imposto de Renda. Quando liguei para o clube perguntando qual era a minha função para informar à Receita, eles me disseram que eu era o diretor do Sócio 5 Estrelas. Eu falei que nunca fui diretor na vida. Fui funcionário, eu era um cara que viajava de ônibus com o marketing para Teófilo Otoni, para Governador Valadares fazer o Reduto Azul. Então, eu nunca tive sala”, ressaltou. “Então é isso, fui comunicado e estou fora, vida que segue”, finalizou.
Confira a íntegra da nota divulgada pelo Cruzeiro:
O Cruzeiro Esporte Clube confirma que na data de hoje (2 de janeiro de 2020) ocorreram várias demissões espontâneas, desligamentos e readequação de setores que precisam ser reduzidos.
No esforço de resgatar o Clube do desequilíbrio financeiro, todas as medidas necessárias serão tomadas para apresentar um plano de sustentabilidade econômica e exitosa visando um imediato retorno do time à Série A.
Departamento de Comunicação
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