Os preços da carne no varejo devem ceder no começo de 2020, mas não vão retornar ao período anterior à súbita alta dos últimos meses. A avaliação foi feita na manhã de hoje pelo presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Roberto Simões. "Teremos uma acomodação, mas os preços ainda ficam um pouco maiores do que se praticou até o início do ano", disse Roberto Simões. Ele argumenta, como tem dito a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que o setor enfrentou os últimos três anos com preços baixos, enquanto os custos de produção seguem elevados.
Fugir dos aumentos dos cortes de boi com a troca pelo frango e a carne de porco também não dever ser solução para o consumidor. Essa substituição dependerá do alcance dos reajustes que já chegaram a esses produtos nos açougues e supermercados. O grande aumento das exportações brasileiras de carne e a demanda crescente da China e do resto da Ásia, diante da peste suína que dizimou rebanhos na região, têm explicado a onda dos reajustes no varejo e devem se repetir no ano que vem, segundo o balanço do agronegócio de Minas divulgado nesta manhã pela Faemg.
O freio que pode funcionar como regulador dos preços ao consumidor, agora, de acordo com Roberto Simões, será o poder de consumo da população. "Se mantivermos os preços nessa altura, não haverá consumo", disse.
A arroba do boi gordo chegou a ser negociada a R$ 230 em novembro passado, representando recorde, e baixou a R$ 205 no começo deste mês, depois de ter sido cotada a R$ 140 no início de 2019. Nos últimos três anos em que predominaram preços baixos, segundo os produtores, o valor médio foi a RS 180. "Grandes altas de preços significam que mais à frente grandes baixas virão, por isso não gostamos dessas elevações súbitas. Os picos de preços não bons para ninguém, nem para o produtor, nem para o consumidor", afirmou Simôes, referindo-se também aos preços altos de reposição dos animais nos pastos, os quais os produtores têm enfrentado.
O cenário desenhado para 2020 para a pecuária segue no mesmo tom de exportações elevadas e muita demanda da Ásia para ser atendida pela carne brasileira, o frango e o porco. Com dados sobre o desempenho do agronegócio analisados de janeiro a novembro deste ano, a Faemg considerou o ano bom para o agronegócio do Brasil e de Minas. O valor bruto da produção (VBP) agropecuária de Minas Gerais somou R$ 66,046 bilhões neste ano, com acréscimo de 5,8% frente ao resultado de R$ 62,442 bilhões em 2018. A receita dos produtos agrícolas alcançou R$ 37,239 bilhões, com recorde de produção de grãos; e o faturamento dos itens da pecuária atingiu R$ 28,807 bilhões.
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