Ainda faltam 90 dias para o Natal, mas em Belo Horizonte já há lojas decoradas para a principal data do varejo. De olho numa expectativa de vendas com ao menos dois dígitos, empresas planejam reforçar o número de colaboradores por meio de contratações temporárias.
A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e a Fecomércio-MG ainda não finalizaram os estudos sobre o quanto o varejo da capital abrirá de vagas temporárias este ano.
Mas empresários estão otimistas com base em uma sondagem em nível nacional divulgada esta semana pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em parceria com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil): 103 mil postos deverão ser criados em todo o país até dezembro.
Trata-se de aumento de quase 44 mil vagas em relação ao que fora previsto ano passado em todo Brasil. “O número apresentou crescimento e pode sinalizar que o mercado de trabalho começa a reagir de forma mais efetiva diante da lenta melhora na atividade econômica. Embora o movimento ainda esteja longe de ser suficiente para fazer frente ao elevado número de desempregados no país, já há indícios de um reestabelecimento da confiança do empresário”, disse o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.
Em Belo Horizonte, a Estrada Real, especializada em venda e aluguel de artigos de decoração, deverá contratar de 30 a 40 temporários. O gerente da unidade da Savassi, William Eduardo Ramalho, espera um aumento de pelo menos 30% nas vendas, quando comparadas com as do mesmo período de 2018, e adianta que há chance de quem se destacar ser efetivado.
“O cliente procura mais pelas árvore de Natal e enfeites para ela. Neste ano há grandes novidades nos Noéis, duendes...Fizemos um bom investimento. Geralmente, a gente aumenta o número de funcionários. Temos quatro lojas (na Grande BH) e, somando as contratações temporárias delas, devemos abrir de 30 a 40 vagas”, acredita Ramalho.
A comerciante Ana Paula Carvalho, proprietária da Arte de Presentear, no Shopping Oiapoque, também está otimista. Há 15 anos no mercado, ela acredita que as vendas vão crescer 40%. Diante disso, irá reforçar a equipe de atendimento.
“Temos oito funcionários e devemos contratar mais 12 para o fim do ano. Estamos com muitas novidades em decoração como Papai Noel, duendes... As importadoras estão acreditando mais este ano”, explicou a empresária.
A pesquisa da CNDL mostrou ainda quais serão as principais estratégias adotadas pelos comerciantes brasileiros para as festas de fim de ano: 43% dos entrevistados vão ampliar o estoque, 42% irão investir na divulgação da empresa, 30% vão aumentar a variedade de produtos ou serviços.
Recuo da inadimplência estimula retorno às compras
Um indicador divulgado pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) ajuda a entender a esperança dos comerciantes para aumento nas vendas neste Natal: a inadimplência na capital recuou no melhor resultado para o mês de agosto na série histórica.
No mês passado, o percentual de inadimplentes caiu 1,26% em relação ao mesmo período de 2018. Pode parecer um saldo pequeno, mas é o melhor percentual para agosto desde 2011.
“O ambiente econômico do país vem melhorando aos poucos, e mesmo estando longe do cenário ideal, os consumidores já estão encontrando um ambiente mais propício para a regularização de sua situação financeira. Os indicadores macroeconômicos (inflação, juros) estão em patamares menores e o desemprego vem caindo, o que tem contribuído para que parte da população quite seus débitos”, afirma o presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva.
A expectativa de boas vendas deixa otimista quem tem o lojista como cliente. É o caso do radialista e artista Bismarck Gouvea, que acordou cedo ontem para um compromisso de Natal: visitar escolas particulares de Belo Horizonte para oferecer fotos dos alunos ao lado do Papai Noel.
Do fim de novembro a 24 de dezembro, Gouvea ganha a vida vestido como o Bom Velhinho, trabalho que lhe rende uma bom dinheiro.
Para muitos empresários, o Papai Noel tem uma representatividade muito grande na parte do comércio, da economia. (Presente) numa loja, o Papai Noel cria um espírito maior do Natal. Economicamente falando, ele é vantajoso para o empresário, o lojista...”, disse Gouvea, que também ganha a vida como o palhaço Bisnaguinha.
O mercado de pessoas que se fantasiam de Papai Noel rende bons frutos aos artistas. No caso de Gouvea, a fatura é de R$ 150 por quatro horas de serviço, o que inclui equipamento de som e microfone. É possível, portando, atender duas lojas por dia. “E são 30 dias trabalhando, de domingo a domingo...”.
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