A professora de geografia Fabiana Rocha se deparou com uma situação delicada em maio deste ano, quando assumiu as aulas do ensino médio em uma escola na grande São Paulo: como ensinar mapas e gráficos para um aluno cego?
“Há 8 anos em salas de aula, ainda não tinha trabalhado de fato com a inclusão” conta Fabiana. “As faculdades de pedagogia não preparam os futuros professores para lidar com alunos especiais.”
Para que Nathan, o aluno cego, não ficasse de fora das aulas, Fabiana, com sensibilidade e dedicaçaõ, decidiu procurar alternativas para incluir o jovem da melhor maneira na classe.
O jeito foi pesquisar por conta própria. “Fui para a internet, li, fui atrás de modelos para que o Nathan pudesse participar melhor das aulas”, conta. Com criatividade e paciência, Fabiana criou mapas em relevo. “Como os mapas em 3D tem um custo alto, usei materiais que tinha a mão para produzir esse efeito tátil”. Para isso, Fabiana usou grãos, diferentes tipos de EVA (com gliter, felpudos, etc) e até pirâmides de pecinhas de Lego.
Gráfico em alto relevo confeccionado pela professora - Arquivo Pessoal
“Antes de usar esse material, conversei com a direção da escola, que autorizou a experiência”. O aluno sabia ler em braile, mas precisava se adaptar ao uso dos mapas. Foi feito um trabalho de adaptação para que ele pudesse aproveitar melhor as aulas.
E o resultado desse material 3D especialmente confeccionado pela professora foi comprovado nas provas. Nathan faz as avaliações de forma oral e Fabiana percebeu que o seu empenho valeu a pena. “Tenho muito interesse em buscar especialização nessa área da educação inclusiva, neste momento, também estou elaborando um projeto para um aluno autista, podemos aprender muito nesse processo.”
Mapa em alto relevo para a leitura pelo tato - Arquivo Pessoal
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