Catalisadores de campanhas decepcionantes na última Copa do Mundo, as seleções sul-americanas se unem a partir de hoje na disputa de seu torneio doméstico: a Copa América. Um certame marcado por interrogações, que vão desde a pouca empolgação do público brasileiro à falta de seleções com potencial encantador no continente. Entre o fiasco e o sucesso, uma linha tênue testa a capacidade da Conmebol de organização do último grande evento do ciclo esportivo que o Brasil abriga desde 2013, quando da Copa das Confederações e, logo na sequência, a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos do Rio 2016. O Pan-Americano de 2007 foi o embrião desse processo.
Ingressos salgados
A situação começa na comercialização de ingressos. Na quarta, o balanço apontava que 65% das entradas tinham sido vendidas, com destaques negativos justamente para dois jogos no Mineirão, as partidas entre Japão x Equador e Bolívia x Venezuela, ambos com menos de 5 mil ingressos adquiridos. Apesar disso, a Conmebol confia que a venda encontrará seu ritmo habitual assim que a bola rolar para o torneio. No último fim de semana, a organização registrou um pico de venda, com 19 mil tíquetes comprados. Muitos torcedores reclamam dos valores das entradas. Os mais baratos vão de R$ 60 a 120. Mas, se depender da entidade, nenhuma alteração ocorrerá nos preços. Para a abertura, hoje no Morumbi, às 21h30, o sucesso ao menos está garantido, com uma estimativa de público de 67 mil pessoas.
“É da cultura sul-americana deixar para a última hora. Modificação de preços não é uma política de que eu goste. Há motivos para crer que os preços fossem estabelecidos desse jeito. Convido todos a participarem dessa Copa América porque não é sempre que a história se repete. A última vez que o Brasil sediou esse torneio foi há 30 anos”, diz Alejandro Domínguez, presidente da Conmebol, recordando a edição de 1989 realizada no Brasil. Naquela ocasião, o título ficou com a seleção brasileira.
Patrocinadores x direitos de TV
A Conmebol tem outro desafio: o de fazer a competição colar junto aos anunciantes sem a presença de uma das maiores estrelas: Neymar. Ainda de acordo com Alejandro Domínguez, presidente da Conmebol, a ausência do atleta não interfere nos planos comerciais da entidade, que enfrenta neste mesmo período a concorrência pesada na audiência global com a Copa do Muno feminina, o Mundial sub-20, a Copa Ouro e a Copa Africana de Nações.
“Para mim, particularmente, ver o Neymar jogar é um privilégio. Acredito que o Brasil tem outros jogadores que vão fazer esse trabalho que o Neymar vinha fazendo e que vamos ver um futebol de excelente qualidade. Não acredito que, do ponto de visto do marketing, seja prejudicial. Presto a minha solidariedade a ele e quero vê-lo pronto novamente aos campos para mostrar porque Neymar é Neymar”, disse Dominguez.
Mas não é muito bem o que os números mostram. Apenas quatro cotas de patrocínio foram vendidos para a Copa América, números bem inferiores às últimas edições do torneio, quando mais de dez cotas foram comercializadas. Mesmo com a disputa pesada de campeonatos que atraem grande interesse do público mundial, a Conmebol comemora um sucesso: a venda dos direitos de transmissão para 178 países.
A esperança Messi
Muito do sucesso dessa Copa América reside em Lionel Messi, o craque argentino que retorna à seleção depois do fracasso de hermano na Copa da Rússia. Outra estrela é Suárez, companheiro do camisa 10 no Barcelona, e que pode liderar o Uruguai rumo ao título.
Seleções em construção
A qualidade técnica da Copa América também deixa dúvidas no ar. Com os fracassos na disputa direta com os europeus no Mundial da Rússia, várias seleções sul-americanas encaram um processo de reformulação. Grandes exemplos são a Argentina, de Scaloni; a Colômbia, sob o comando do português Carlos Queiroz; e Reinaldo Rueda, no Chile. Em contrapartida, Óscar Tabárez segue no comando do Uruguai, Tite ganhou uma sobrevida com o torneio em casa, e Rafael Dudamel vem na Venezuela desde 2016.
Sem Canarinho Pistola
Assim como aconteceu na Copa do Mundo da Rússia, a seleção brasileira não poderá utilizar o mascote "Canarinho Pistola" durante os jogos que fizer na Copa América. O espaço está reservado apenas ao mascote Zizito. Apesar disso, o "Pistola" vai seguir acompanhando a seleção em todas as cidades que o elenco passar.
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