Até pouco tempo apontada como inimiga da concentração, a internet tem caído cada vez mais no gosto dos estudantes como ferramenta aliada à educação. Pelo computador ou celular, os alunos assistem aos canais de conteúdo educacional no YouTube para dar aquele empurrão no aprendizado das lições mais difíceis. Gratuitos, exibidos de forma interativa e muitas vezes apresentados por professores, os vídeos ajudam na preparação para processos seletivos e até provas de universidades.
Para não se perder na rede em meio a tantas possibilidades, porém, é necessária uma boa dose de orientação. Conforme especialistas, é recomendável a troca de ideias com profissionais e colegas sobre as melhores opções. O ideal é intercalar o estudo tradicional com alternativas do universo digital.
Preparando-se para prestar o Enem em novembro, o estudante Ricardo Araújo Costa, de 19 anos, é um dos adeptos da aula dentro do celular. Sem dinheiro para pagar cursinho pré-vestibular, ele assiste a conteúdos pelo YouTube, dica passada por um colega que percebeu que ele tinha dificuldades com matemática. “Tem canais com aulas e até exercícios resolvidos. É um apoio que pode me salvar”, diz Ricardo.
A plataforma também ajuda a estudante Ester Lacerda, de 20 anos, a desmistificar o bicho-papão da matemática e se preparar melhor para o Enem. “Às vezes, só lendo o livro a gente não entende. Mas, quando vemos outra pessoa resolvendo aquele problema, entendemos onde estávamos errando”, disse.
Há também quem use os vídeos como um “algo a mais” para vencer disciplinas de cursos superiores. Na UFMG, por exemplo, até mesmo professores de exatas recomendam que os estudantes assistam a conteúdos na internet para reforçar a teoria dos densos livros de cálculo, estatística, geometria e álgebra. É o que faz a graduanda em química, Thaís Lilian Oliveira, de 19 anos. “Pela internet, estudo no ônibus, indo para casa. É como se eu tivesse um professor à disposição”, contou.
Doutora em educação pela UFMG, a professora Inês de Castro Teixeira acredita que a integração entre livros e web é benéfica e deve ser incentivada pelos docentes. “A internet é uma realidade não só da universidade, mas também da adolescência. E ensinar a autonomia do estudo, a forma de se informar pelas redes, é educar para a vida no século XXI”, disse.
Orientador de cálculo em pré-vestibulares de BH, o matemático Marcos Sampaio, de 28 anos, diz que, mesmo assim, a presença do professor é fundamental. “É ele quem dá o norte. O contato direto é indispensável para o estudo correto”, ressaltou.
Bibliotecas
Mas as bibliotecas viraram passado? Para os especialistas, não. Sampaio diz que, embora haja muito acervo digital, ainda é no espaço físico que as pessoas mais se concentram. Já Inês sustenta que até esses locais estão se adaptando às modernidades. “Bibliotecas só com livros estão ultrapassadas. Hoje, elas precisam ter laboratórios de informática, lugares para pesquisas, mesas de estudo. Biblioteca é muito mais que pilhas de livros”.
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