Num programa de TV, em 1987, o cantor Cazuza (1958-1990) disse que se sentia “o Lulu Santos dos amores que não deram certo”. “Ainda não encontrei a minha Scarlet”, declarou o “poeta exagerado”. A entrevistadora era, justamente, Scarlet Moon de Chevalier (1952-2013), com quem Lulu Santos, 66, foi casado por 28 anos. “É engraçado o Cazuza ter brincado com essa ideia, ele mal supunha as voltas que a vida daria”, comenta o autor do hit “O Último Romântico”.
Essas voltas se referem à lua de mel sem fim que o músico tem vivido com Clebson Teixeira, 27. Em abril, os dois assinaram um termo de união estável, depois de assumirem publicamente o namoro em julho de 2018. “O que distingue o pensamento progressista, humano e inclusivo do discurso baseado no dogma, no ódio e no preconceito é compreender que o amor é sempre o amor”, filosofa o criador de “Toda Forma de Amor”.
Neste sábado (1º), ele estreia a turnê “Pra Sempre” em BH. A escolha não foi ao léu. Baiano, Clebson mora na capital mineira, o que levou Lulu a estar na cidade “mais do que durante a vida inteira”, confirma. Essa aproximação fica clara no repertório de “Pra Sempre”, primeiro disco de inéditas desde 2014.
Um exemplo é “Tão Real”. Nos versos, o cantor se declara: “O seu rosto lindo/ Beleza de um avião/ Que agora cruza os céus/ E leva essa canção/ Para Belo Horizonte/ Com meu coração”. A música foi a primeira do novo álbum a ser composta, em maio do ano passado. “Ela foi o início dessas estações do amor”, resume Lulu.
Minas. A instrumental “Quae Sera Tamem (Savassi By Night)” também é clara na homenagem. A faixa marca o encontro com o DJ belo-horizontino Anderson Noise. A primeira parte foi desenvolvida por Lulu em um hotel na região central de BH, onde costumava ficar hospedado. A poucos quarteirões dali, estava a residência de Noise.
Um dia, por coincidência, os dois se encontraram num supermercado, no shopping Pátio Savassi. Lulu estava com Clebson, e Noise, acompanhado pelo filho. “Ele se apresentou e falou que era DJ, eu não o conhecia. Depois conversei com o (DJ carioca) Memê (parceiro de longa data), que me explicou de quem se tratava”, conta Lulu.
“Inspirados pela vizinhança” do bairro Savassi, a dupla uniu o tema da guitarra de Lulu à “batida convincente” do DJ. “Estreitei meus laços com os bares da cidade e, sobretudo, com as grutas de Minas Gerais. Viajamos muito, fomos para Lapinha da Serra, Cordisburgo, Lavras Novas, serra da Moeda, gruta do Maquiné”.
Antes da “terrível tragédia” em Brumadinho, com o rompimento da barragem da Vale que contabiliza até agora mais de 300 vítimas entre mortos e ainda desaparecidos, o compositor esteve no Instituto Inhotim com o companheiro. Lá, se acendeu uma nova chama musical. “Regravei essa canção por um motivo bem específico”, informa.
Ao entrar numa instalação da artista plástica Valeska Soares, Lulu reconheceu de imediato a música “The Look of Love” (Burt Bacharach e Hal David), da qual já era íntimo desde que ela fora popularizada no filme “Casino Royale” (1967), na voz de Dusty Springfield. “Era um galpão circular completamente fechado, com uma porta no alto de uma colina, que se abria dentro de um ambiente como se fosse uma boate, forrada de espelhos, com luz esparsa e tocando essa música”, relembra o entrevistado.
Nessa hora, Clebson o tirou para dançar. “Aí você imagina o que aconteceu...”, provoca. A versão eletrônica da balada inglesa está garantida no repertório do show, que, além de enfileirar grandes sucessos, vai contemplar, da lavra mais recente, “Hoje em Dia”, “Orgulho e Preconceito”, “Tão Real” e “Pra Sempre”, todas feitas nos últimos 12 meses.
A faixa-título ganhou um videoclipe que mostra Lulu e o marido em casa. “É uma canção explícita, sintética, uma declaração de intenções da nossa relação, está tudo explicado visualmente”, afiança o autor. Todas as demais se inspiraram no amor pelo marido.
Em “Lava”, com participação do grupo Terno, Lulu dispara: “Enfia o dedo na boca e chupa/ Melhor conselho que eu posso te dar/ Nosso amor não deveria ofender a ninguém”. “Não tem discussão razoável com quem se agarra a dogmas. Precisamos lembrar que houve uma época em que a escravidão era legal neste país, com o beneplácito do Estado e da religião. Os avanços sempre serão no sentido da liberação, mesmo que os caminhos sejam tortuosos”, opina.
Lulu também se diz favorável à criminalização da homofobia, ainda em discussão no Supremo Tribunal Federal (STF). “É uma necessidade humanitária. O Brasil é o país que mais mata LGBTs no mundo, e esse número tem aumentado, assim como o feminicídio. É um país armado, fóbico, ignorante. Precisamos dos antídotos para romper com isso, como educação e desarmamento, para não sermos mais recordistas em assassinatos”, conclui o músico, que, finalmente, pode mudar seu epíteto para “eterno romântico”.
<swc000,1,1,1 style="box-sizing: inherit;">Serviço. <swc000,1,0.5,0.5 style="box-sizing: inherit;">Lulu Santos estreia a turnê “Pra Sempre”, neste sábado<swc000,1,1,1 style="box-sizing: inherit;"><swc000,1,0.5,0.5 style="box-sizing: inherit;"> (1º), às 22h, no <swc000,1,1,1 style="box-sizing: inherit;"><swc000,1,0.5,0.5 style="box-sizing: inherit;">KM de Vantagens Hall (av. Nossa Senhora do Carmo, 230, São Pedro)<swc000,1,1,1 style="box-sizing: inherit;">. <swc000,1,0.5,0.5 style="box-sizing: inherit;">De R$ 50 (meia) a R$ 220 (pista vip)</swc000,1,0.5,0.5></swc000,1,1,1></swc000,1,0.5,0.5></swc000,1,1,1></swc000,1,0.5,0.5></swc000,1,1,1></swc000,1,0.5,0.5></swc000,1,1,1>
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