Pesquisadores do Instituto de Ciências Exatas (Icex) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desenvolveram, em parceria com a Polícia Federal (PF), duas tecnologias de identificação de digitais em investigações policiais que tornam o processo mais seguro para o manuseio, mais eficiente e mais barato.
A primeira tecnologia é um equipamento óptico portátil para a identificação de digitais. O aparelho usado atualmente pela PF custa US$ 125 mil e não pode ser levado ao local do crime. Segundo a PF, há apenas quatro deles em todo o país – um deles fica em Minas Gerais. O valor do protótipo desenvolvido na UFMG é de R$ 50 mil, e o investimento em todo o processo pode chegar a R$ 500 mil.
O equipamento da UFMG não traz riscos à saúde de quem os manipula, segundo a professora do Departamento de Física Lívia Siman Gomes. A identificação das digitais é feita por meio de um LED azul e não usa a luz ultravioleta na faixa de espectro nociva à saúde humana, explica.
O aparelho também consegue identificar digitais em superfícies lisas (como cartuchos utilizados em armas) sem o uso de nenhum pó revelador.
O equipamento, no entanto, também pode ser utilizado em materiais porosos, como tecidos de couro, desde que em conjunto com o pó revelador – a segunda tecnologia desenvolvida pelos pesquisadores.
Esse pó foi desenvolvido a partir do resveratrol, um componente natural encontrado em sementes e na casca da uva, e não é nocivo à saúde, segundo o professor do Icex Luiz Alberto Cury, responsável pelo desenvolvimento do material.
Hoje, os materiais utilizados pela Polícia Federal hoje são tóxicos, de acordo com o chefe do Setor de Perícia de Investigação da PF, Flávio Melo. O pó preto, usado na revelação das impressões digitais, é cancerígeno.
Parceria
O estudo, desenvolvido no Departamento de Física do Icex, começou há cerca de dois anos a partir de uma demanda feita pela PF em Minas Gerais. A corporação buscava alternativas mais acessíveis e eficientes para as técnicas utilizadas em investigações de crimes.
“Revelar impressões digitais – mais tecnicamente correto, impressões papilares – no local do crime é um grande desafio. São vestígios que muitas vezes não são fáceis de serem coletados nos locais de crimes”, disse Melo à TV UFMG.
“Então nós começamos a observar as nossas maiores dificuldades e tivemos a ideia de buscar o apoio acadêmico”, afirmou.
Segundo Melo, os pesquisadores conseguiram desenvolver um equipamento com a capacidade de revelação de fragmentos no local de crime muito maior do que o equipamento atual e por um custo muito menor.
Os trabalhos contaram com a participação da empresa Invent Ivision, instalada no BH-Tec, e financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig). (Com informações da TV UFMG)
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