Para levar amor e tentar amenizar a tristeza que marca o primeiro Dia das Mães após o rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, na região metropolitana, voluntários do Instituto Na Ação e parceiros ofereceram nesta sexta-feira (10) um almoço às mulheres da comunidade de Parque da Cachoeira, atingida pela lama.
Após algumas horas de música ao vivo, bate-papo e brincadeiras para as crianças, elas conseguiram ter um momento de alegria e alívio, como uma prova da máxima que diz que dor compartilhada é dor diminuída.
"Viemos dar principalmente muito amor e carinho para as mães, que já estão em uma situação de vulnerabilidade por causa do trauma da tragédia, e têm que continuar dando sustentáculo à família, conduzindo a família. A gente aqui é mais um refresco, um ar de esperança e força para mostrar que elas não estão sozinhas. Estamos aqui para apoiá-las", diz Carolina Antunes, presidente do Instituto Na Ação, que atua em Brumadinho desde o dia seguinte ao rompimento da barragem, em 25 de janeiro.
Psicólogos, assistentes sociais, pedagogos e recreadores voluntários oferecem acolhimento às famílias. "De uma maneira ou de outra, essas comunidades tiveram perdas irreparáveis", completa.
Antes do almoço, as mulheres assistiram a uma palestra sobre espiritualidade e força feminina e todas deram as mãos, dando força umas às outras. A doméstica Iolanda de Oliveira da Silva, de 49 anos, não quer nem pensar como será o Dia das Mães sem o filho Robert Ruan Oliveira Teodoro, de 19 anos, que trabalhava em uma terceirizada da Vale e é uma das 32 pessoas que permanecem desaparecidas após a tragédia. Ela já tinha perdido outro filho, assassinado, em Brumadinho, no ano passado.
"Não está sendo fácil, entrar em casa e não ver o meu filho, chegar o horário de almoço e ele não estar lá. É uma tristeza que não tem fim, uma coisa que eu não desejo para o meu pior inimigo, uma tristeza profunda. A Vale levou o resto que eu tinha", diz, emocionada. Para ela, foi bom participar do almoço. "Gostei muito de terem lembrado da gente, terem dado esse carinho", conta.
A aposentada Eva Custódia, de 62 anos, também não conseguia segurar as lágrimas ao falar do filho, Flaviano Fialho, funcionário da Vale que morreu na tragédia. Ele completaria 35 anos neste sábado (11) e era companheiro da mãe. "Ele costumava passar o Dia das Mães Comigo. Agora essa data vai ser mais triste", lamenta.
A agricultora Soraia Campos, de 42 anos, moradora de Parque da Cachoeira, perdeu a fonte de renda depois da tragédia, mas é grata por ter toda a família reunida. Ao mesmo tempo, ela sente pelos vizinhos que perderam familiares. "Vamos agradecer pelos nossos filhos e pelas mães, mas temos casas que não têm mãe, não têm pai, não têm filho. Vai ser um Dia das Mães mais triste".
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