Poucas biografias de artistas brasileiros conseguiram iluminar fatos importantes e completamente obscuros da vida do biografado como Clara Nunes – Guerreira da utopia, escrita pelo jornalista carioca Vagner Fernandes e publicada em 2007.
Obra referencial sobre a trajetória da cantora mineira Clara Nunes (12 de agosto de 1942 – 2 de abril de 1983), o livro – esgotado há alguns anos – será relançado neste primeiro semestre de 2019 em edição revista e ampliada.
Em Clara Nunes – Guerreira da utopia, Fernandes conta a frustração da artista impossibilitada de ser mãe após alguns abortos espontâneos, detalha o infrutífero flerte da cantora com a Jovem Guarda – anos antes de Clara consolidar a carreira na década de 1970 com a imagem de sambista arquitetada pelo radialista e produtor musical Adelzon Alves – e revela a tragédia que acompanharia a carreira da artista como incômoda sombra do passado.
Trata-se do crime cometido em 3 de setembro de 1957 por irmão da cantora, José Pereira Gonçalves, conhecido como Zé Chilau, para "defender a honra" de Clara, difamada na interiorana cidade natal de Caetanópolis (MG) – cujo nome era Cedro até a mudança em 1954 – por namorado do tipo Don Juan.
Foto: Reprodução / Capa de disco
Outros dois livros sobre a vida e obra Clara Francisca Gonçalves já foram editados desde a primeira edição do livro de Fernandes, O canto místico de Clara Nunes (2008) e O mistério da terra de Clara Nunes (2018). Sem falar no livro dedicado ao álbum Guerreira (1978) em volume, editado em 2018, da série O livro do disco.
De todo modo, a reedição da biografia Clara Nunes – Guerreira da utopia é oportuna por perfilar a luminosa cantora em texto detalhista, bem apurado, objetivo e – acima de tudo – destemido.
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