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Da Roça para a China: Mercado em Xangai vai vender de queijo a frango caipira

Com mais de 24 milhões de habitantes, a cidade é a maior daquele país, o mais populoso do mundo

18/01/2019 às 08h48
Por: Redação
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Em viagem a Xangai, empresário percebeu que as iguarias mineiras caíram no gosto dos chineses e resolveu abrir por lá filial do Mercado de Origem
Em viagem a Xangai, empresário percebeu que as iguarias mineiras caíram no gosto dos chineses e resolveu abrir por lá filial do Mercado de Origem

Queijos, cafés, cachaças, frango caipira, mel, pão de queijo e outras iguarias típicas vão sair das terras de pequenos produtores de Minas Gerais diretamente para a China. Para vender as delícias da roça aos consumidores orientais, a Fundação Doimo, responsável pelo Mercado de Origem, já em construção no “circuito de motéis” na BR-040, saída de BH para o Rio, vai abrir uma filial do espaço em Xangai. Com mais de 24 milhões de habitantes, a cidade é a maior daquele país, o mais populoso do mundo. 

Os itens, que vão atravessar o oceano a partir do segundo semestre deste ano, serão comercializados em um espaço de 500 mil metros quadrados. O empreendimento deve ser aberto em outubro, quando também será inaugurada a primeira unidade do Mercado de Origem em BH. 

Mais de 3 mil fabricantes já se mostraram interessados na exportação. O projeto é em parceria com a Emater-MG, que atua na seleção e capacitação dos interessados.  O objetivo é aproximar o pequeno produtor agropecuário do consumidor final, eliminando atravessadores, para tornar o preço mais vantajoso tanto para quem compra, quanto para quem vende. 

O empresário Elias Tergilene, presidente da Fundação Doimo, conta que a ideia de intermediar a exportação surgiu durante a Feira de Xangai, em outubro passado, quando os chineses se encantaram pelas delícias da roça mineira. “Ficaram apaixonados pela cachaça, pelo pão de queijo, o café, o mel. E viram que levando as mercadorias direto dos nossos produtores conseguimos fazer um preço muito melhor”, afirma Tergilene.

O empresário se surpreendeu, por exemplo, com o preço do café servido por lá. “Chegam a cobrar o equivalente a R$ 15 por xícara”, diz, garantindo que com a exportação direta o valor pode cair em até 80%. A intenção é aproveitar o déficit da produção agropecuária chinesa para abastecer o mercado gourmet com os produtos daqui. 

“A China hoje produz apenas 30% do que consome, por isso há muito espaço para quem quer exportar alimentos”, afirma Elias, que, durante estudo para a implementação do projeto identificou que os chineses gastam até 70% da renda com comidas e bebidas. 

Para levar os itens da roça até Xangai, a Fundação fará toda a logística de transporte, distribuição e vendas. Já a produção ficará a cargo dos pequenos produtores rurais, que contam com o apoio da Emater-MG para atingir o volume necessário por meio da criação de cooperativas. 
“Estamos ajudando na adequação de cooperativas que já existem e na criação de grupos para que possam se formalizar e atingir um volume satisfatório”, explica Ana Luiza Resende Oliveira, coordenadora técnica de Organização e Mercado da Emater-MG.

Assim como a matriz, construída no extinto motel Master e num lote anexo, adquiridos por R$ 30 milhões, além da área do antigo motel Sunny, o Mercado de Origem chinês reunirá centenas de lojas temáticas, cada uma especializada em um produto, com nome e informações do produtor responsável. 

A diferença é que, na China, as vendas serão só no atacado, para fazer valer a exportação. O transporte será feito por contêineres, em navios que chegarão ao destino em 30 dias, e de avião, para levar os alimentos altamente perecíveis.

Região dos motéis na BR-040 vira novo polo de gastronomia 

A instalação do Mercado de Origem no circuito de motéis da BR-040, área às margens da rodovia que tem ligação direta com o Anel Rodoviário, fortaleceu a região como nova fronteira gastronômica e econômica de BH. 

Conforme o Hoje em Dia antecipou, em matéria publicada em novembro de 2018, os motéis Master (antigo Playboy) e Sunny saíram de cena para a chegada do mercado gourmet. E não demorou até que um concorrente vislumbrasse o potencial do espaço. 
Assim, na área de 21 mil metros quadrados que abrigava o motel Capri está sendo construído o Armazém 356. Lançado pela construtora EPO, o empreendimento funcionará como um mercado multifuncional que irá reunir itens relacionados a alimentação, casa, carro, paisagismo, pets, entre outros.

A ideia é oferecer um centro de compras onde a pessoa vá para resolver todas as necessidades de uma só vez, poupando tempo e deslocamento. 
“As pessoas buscam comodidade. E faz parte do conceito de cidade sustentável um lugar que atenda a todas as suas demandas. A tendência é que, com o tempo, cada parte da cidade tenha o seu mercado”, acredita Guilherme Santos, diretor de Novos Projetos do Grupo EPO. 

A menos de 3 quilômetros do Armazém 356 e do Mercado de Origem, o Mercado da Boca foi inaugurado em março de 2018 com investimentos de R$ 8 milhões. Atualmente, o espaço recebe 35 mil pessoas por mês, em 18 restaurantes, seis bares, escola de gastronomia, espaço de eventos e espaço kids. 

Negócio promissor

O tipo de negócio é tão promissor que, além da unidade principal do Mercado de Origem da região dos motéis, a Fundação Doimo já tem outros dois projetos em andamento: em Ribeirão das Neves e em Venda Nova, ambos com lançamento previsto para 2020. 

O grupo também pretende participar de licitação da Prefeitura de Belo Horizonte para abrir filiais do Mercado de Origem nos mercados da Lagoinha, do Cruzeiro, Novo, de Santa Tereza e do Padre Eustáquio. 

“A ideia é que os espaços reúnam, além do centro de compras dos produtores rurais, bares, restaurantes, espaço de eventos, cozinha-escola, Lava Jato, espaço kids e diversas opções de lazer”, afirma Elias Tergilene, presidente da Doimo. 
Ana Luiza Resende Oliveira, coordenadora técnica de organização e mercado da Emater-MG, afirma que BH era carente de empreendimentos como esses. 

“Os mercados são importantíssimos e Belo Horizonte precisava disso. Cada vez mais os consumidores querem produtos naturais, frescos, acessíveis, e a maneira mais fácil de conseguir isso é comprando direto com o produtor”, diz.
Segundo ela, esses centros também ajudam a fomentar a produção no Estado e a gerar renda para os pequenos fabricantes. 

Por Rafaela Matias - Hoje em Dia 

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