Enquanto a expectativa divulgada pelo Banco Central é de a inflação deste ano ficar em 3,71%, a Associação Brasileira dos Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (Abfiae), prevê que os itens pedidos pelas escolas fiquem, em média, 10% mais caros em janeiro. O responsável pelas relações institucionais da associação, Ricardo Carrijo, orienta os consumidores a fazer as compras de volta às aulas antes da virada do ano. “É sempre bom antecipar as compras para aproveitar as liquidações dos estoques anteriores” explica Carrijo.
A confeiteira Renata Cristina de Souza, 40, tem um filho de 11 ano e usa a semana entre o Natal e o réveillon para comprar o material escolar. “Sempre compro antes da virada do ano. Porque nessa época os modelos novos de caderno, de mochila, ainda não chegaram e, com eles, os preços reajustados”, avalia Renata. “Comprando antes do ano novo, aproveito o preço do estoque que ainda está nas lojas”, afirma.
Para o empresário Marco Antônio Gaspar, da rede de papelarias Brasilusa e vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), os preços já estão mais altos, mesmo antes da virada do ano. “Durante o ano, compramos produtos com preços maiores, principalmente em função da alta do preço do papel, por causa do dólar”, afirma.
Proprietária da papelaria Pingo de Ouro, em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, Edileia da Silva Carvalho também identifica a alta dos preços no mercado atacadista. “No decorrer deste ano, percebi uma alta nos preços. Então, já estou esperando valores maiores agora na compra de volta às aulas”, diz Edileia, que procura abastecer seu estoque de material escolar depois do Natal. “Minha clientela compra material escolar uma semana antes do retorno das aulas, porque, antes disso, tem as compras de Natal e taxas e impostos do início do ano”, avalia.
É o caso da consultora de marketing Carolina Oliveira Salgado, 32, que tem filhos gêmeos. “Fiz algumas pesquisas de preço, mas prefiro comprar nas promoções de janeiro. Acho que encontro preços melhores nessa época”, opina.
Marco Antônio Gaspar já orienta comprar antes. “Em função dos preços mais altos, os lojistas estão comprando menos. Com isso, quem deixar para comprar depois pode ter que pagar mais caro porque a demanda vai estar alta e a oferta, em função do pouco estoque, baixa”, explica.
“Vou comprar menos este ano. A economia ainda não permite comprar para fazer grandes estoques como já fiz em anos anteriores”, afirma Edileia, que tem a papelaria há 17 anos.
A alta do dólar é o principal vilão do aumento de preços do material escolar neste fim de ano e início de 2019. “O dólar teve um aumento médio de 15% neste ano, o que influenciou a alta do papel e dos produtos importados”, explica o empresário Marco Antônio Gaspar, da rede de papelarias Brasilusa, e vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH).
De acordo com o responsável pelas relações institucionais da Associação Brasileira dos Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (Abfiae), Ricardo Carrijo, a correção nos preços dos itens escolares, no início de 2019, vai ocorrer em função dos reajustes significativos no preço do papel em 2018, que influencia o valor de produtos como cadernos, livros e agendas.
O dirigente da Abfiae também cita o dólar como um dos responsáveis pelo aumento. “A alta do dólar tem impacto nos preços dos produtos importados. De 20% a 25% dos materiais escolares vêm de fora do Brasil”, explica Carrijo.
“A maioria dos produtos de uma papelaria é importada. Mochilas, canetas. Os apontadores, por exemplo, são 100% importados da China”, afirma Gaspar. Segundo o empresário, já houve uma indústria nacional desses produtos, mas hoje ela foi substituída.
“Não vale mais a pena produzir no Brasil, é mais fácil importar da China. Para ter preço competitivo, a fábrica teria que produzir em escala mundial”, informa o empresário. (LP, com agências)
Um grupo de mães do colégio Marista Dom Silvério, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, está se sentindo pressionado pela escola a comprar material didático novo todos os anos. “O material do ensino médio é exclusivo do Marista, e vai ser mantido o mesmo para o ano que vem. Só que estamos com receio de comprar o material usado porque o colégio não garante o acesso ao sistema para realização de atividades se não for comprado no site da editora conveniada com o colégio”, diz a mãe de um aluno do segundo ano do ensino médio que pediu para não ser identificada. O material didático novo custa cerca de R$ 1.500. O usado é vendido pelos pais por cerca de R$ 600.
Em nota, a escola informa que “esclarece aos pais previamente sobre a utilização do Sistema Marista de Educação (SME) e sobre a recomendação de não reutilizar outros materiais, uma vez que a prática comprometerá a experiência de aprendizagem dos estudantes”. A nota também afirma que o SME “reúne uma série de produtos e serviços, além dos livros didáticos” e ressalta que está “previsto em contrato a necessidade de utilização do Sistema”, diz.
Para a advogada especialista em direito do consumidor e presidente do Instituto Defesa Coletiva, essa cláusula do contrato é abusiva. “O contrato fala expressamente que não pode reutilizar o material, mas isso é abusivo diante da realidade econômica do país e até pela sustentabilidade. As mães podem procurar o Procon e solicitar a retirada dessa cláusula do contrato”, orienta.
Aumento
Expectativa. Mesmo com a situação econômica do país, a Abfiae espera um crescimento de 5% nas vendas na volta às aulas de 2019, em comparação com a mesma época deste ano.
Dicas de economia
Pesquisar
“Quem pesquisa, compara os preços e negocia, e certamente gastará menos”, afirma o coordenador do MBA em Gestão Financeira da FGV, Ricardo Teixeira.
Sem personagem
O professor de Finanças Corporativas do MBA do Ibmec-RJ, Haroldo Monteiro, recomenda que os pais evitem itens com personagens de desenhos animados e filmes (que são mais caros), e reutilizem os materiais de anos anteriores.
Por Ludmila Pizarro - OTempo
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