Em quatro anos, o número de inadimplentes no país cresceu 5,4 milhões. Em setembro de 2018, ele chegou a 62,4 milhões de pessoas, conforme levantamento do SPC Brasil. É o patamar mais alto para o mês de setembro desde que a pesquisa começou a ser feita, em 2015. A combinação de inadimplência alta, salários atrasados de servidores públicos de Minas Gerais, agravada pela redução na quantidade de pessoas que devem receber o 13º no Estado, pode explodir no Natal. Sem dinheiro, não há consumo, e as vendas ficarão abaixo do esperado – apesar de levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) apontar um desempenho estável das vendas deste Natal em relação a 2017.
Segundo pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Fundação Ipead), pela primeira vez nos últimos três anos a maioria dos entrevistados (53,81%) sequer terá direito ao 13º ou gratificação similar em 2018. Mas, os que receberem devem canalizar o dinheiro para pagar dívidas, e não para fazer compras.
“Ainda não dá para mensurar o tamanho do impacto, que deve ser negativo, já que haverá menos dinheiro circulando. Afinal, muitas famílias utilizam dessa renda extra para quitar dívidas e também para fazer as compras de Natal”, analisa a coordenadora de pesquisa da Fundação Ipead, Thaize Vieira Martins Moreira.
Pelo terceiro ano consecutivo, pelo menos 1,5 milhão de servidores estaduais em todo o país correm o risco de não receber o 13º antes do Natal. Os governos de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte ainda não possuem recursos financeiros para o pagamento, apesar de afirmarem que estão tentando arrumar verbas para cumprir os compromissos. Só em Minas, são 609 mil pessoas nessa situação, considerando os servidores ativos e inativos do Estado.
As prefeituras também não estão numa situação diferente. De acordo com a Associação Mineira de Municípios (AMM), prefeitos de 767 dos 853 municípios mineiros não têm condições de arcar com o benefício.
Na semana passada, a Secretaria de Estado de Fazenda de Minas Gerais (SEF-MG), informou ao jornal O TEMPO que a questão do 13º será discutida em reunião com a Comissão de Acompanhamento da Folha de Pessoal, formada por representantes do governo estadual e dos sindicatos dos servidores públicos do poder executivo.
Em 2017, por causa da crise financeira, o governo pagou o benefício em quatro parcelas iguais nos meses de janeiro, fevereiro, março e abril. As únicas exceções foram os servidores da segurança pública e da saúde, que receberam em duas parcelas. Os funcionários do Estado recebem de forma parcelada todos os meses há dois anos e meio. (Com agências)
O tão esperado crescimento das vendas de Natal não deve acontecer neste ano. Levantamento do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) prevê que o desempenho deve ficar estável em relação ao Natal do ano passado. Em 2017, o SPC previu uma injeção de R$ 51,2 bilhões na economia. Para a data em 2018, a estimativa é de movimento de R$ 53,5 bilhões em compras. Entretanto, ainda é preciso descontar a inflação. “O Natal de 2018 será parecido com o do ano passado”, analisa a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
Ela ressalta que o desempenho da data, que é a mais importante do varejo, poderia ser melhor se tivesse mais gente no mercado de trabalho, o que também influencia no resultado da inadimplência.
“A recuperação do mercado de trabalho permite que o trabalhador pague suas contas em atraso e depois volte a consumir”, diz.
Já para o ano que vem, há menos pessimismo. Depois de registrar um patamar alto de inadimplência em 2018, Marcela prevê redução da taxa em 2019, se a economia e o emprego voltarem a crescer.
“A inadimplência sempre cresce com o desemprego. Quando o país entrou em crise, a partir de 2014, nós tínhamos 51,8 milhões de CPF negativados. A crise, de 2014 pra cá, colocou mais 10 milhões na inadimplência”, observa o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi. (JG/ com agências)
Um a cada quatro belo-horizontinos vai usar o 13º salário para quitar dívidas ou contas atrasadas. Segundo pesquisa da Fundação Ipead, esse será o principal destino do dinheiro extra para 25% dos entrevistados. “Com menos gente recebendo o 13º, menos pessoas terão recursos para pagar as dívidas”, diz a coordenadora de pesquisa Thaize Vieira Martins Moreira.
Poupar para outros fins ocupou o segundo lugar, com 18,56%. O estudo mostrou que a intenção de realizar compras de presentes de Natal caiu do terceiro para o quinto item mais citado para o destino do 13º salário em 2018 (9,28%), o que indica que os consumidores estão menos dispostos a gastar o 13º com presentes, quando comparado com o ano de 2017.
Sem crédito
Bancos. A dívida com bancos, operadores de cartão de crédito, financeiras e leasing aflige 52% dos brasileiros com “nome sujo” no Serviço de Proteção ao Crédito, o SPC Brasil.
Por Juliana Gontijo - OTempo
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