Pela primeira vez, um católico nascido na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) poderá se tornar beato. O processo para a análise da concessão do título ao monsenhor Domingos Evangelista Pinheiro será aberto neste sábado (15). O padre, conforme a Arquidiocese da capital, acolheu crianças libertas pela lei do Ventre-Livre e formou as primeiras professoras negras do Brasil.
Pelos fiéis, Domingos Evangelista já é um santo. Que o diga a freira Zulmira Rocha, de 63 anos, que atribui ao sacerdote a cicatrização de um corte no corpo da mãe, em 2006. “Ela havia feito uma cirurgia no fêmur que não fechava de jeito nenhum. Um dia olhei uma foto do monsenhor, que eu tinha na minha casa em Uberaba (Triângulo), e o pedi que a curasse, já que havia muitas secreções”, relembra.
Horas depois, garante Zulmira, o ferimento já estava cicatrizado. “Acredito muito nele”, afirma a freira.
Nascido em Caeté, em 1843, monsenhor Domingos Evangelista foi ordenado sacerdote em 17 de janeiro de 1869 e tornou-se responsável pelo Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade. O padre morreu em 6 de março de 1924
Passo a passo
Para ser beatificado, o Vaticano precisa comprovar um milagre ocorrido por intercessão do padre. Na primeira fase da análise, a ser iniciada neste fim de semana, serão incluídos documentos, relatos e outros elementos que mostrem os feitos.
O material será entregue ao postulador da Causa dos Santos da Santa Sé Apostólica, Paolo Vilotta, que veio da Itália para a solenidade na Serra da Piedade, em Caeté, na Grande BH. A partir desse momento, o sacerdote já receberá o título de “Servo de Deus”.
O próximo passo é a verificação dos dados no Vaticano, com investigações minuciosas das virtudes ou martírio do monsenhor, que pode ser considerado “venerável”. O processo, porém, não tem data para ser concluído. A beatificação será iniciada após essas etapas e caracteriza-se pela comprovação dos milagres.
História
Nascido em Caeté, em 1843, Domingos Evangelista dedicou-se ao cuidado com as pessoas pobres e à evangelização. Por conta de suas atividades, passou a ser carinhosamente conhecido como “O Evangelista da Piedade”.
Entre os feitos do religioso está a criação do Asilo São Luís, em 1878, que acolheu crianças beneficiadas pela Lei do Ventre-Livre. A norma dava liberdade aos bebês de mulheres escravas. Ele também foi responsável por implantar a Congregação das Irmãs Auxiliares de Nossa Senhora da Piedade, em 1892, com participação de jovens amparadas no mesmo asilo.
Além do monsenhor, outros dois religiosos atuantes na Grande BH se destacam. Holandês, Padre Eustáquio foi beatificado em 2006 pelo papa Bento XVI.
A diamantinense Irmã Benigna também pode se tornar beata. O processo referente a ela, aberto em Roma há cinco anos, ainda é analisado.
Por Lucas Eduardo Soares - hojeemdia
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