Especialistas e parlamentares governistas argumentam que, atualmente, a Previdência é a responsável pelo rombo nas contas públicas. Em janeiro de 2018, o governo apresentou o déficit previdenciário, chegando a uma conta de R$ 268,79 bilhões em 2017. Segundo a Secretaria da Previdência do Ministério da Fazenda foi o maior déficit da história.
No entanto, quando a pergunta é feita à população, a resposta é outra. De acordo com a pesquisa Minas no Brasil de 2018, realizada pelo Instituto Mercadológico em parceria com jornal O TEMPO, 21,9% dos mineiros entrevistados em 45 municípios corroboram com a tese do governo, sobretudo pessoas das classes C, D e E, enquanto 42,7% afirmam que a principal responsável pelo rombo nas contas públicas é a corrupção. Os outros 35,4% dos entrevistados se dividem entre os que defendem que a responsabilidade é o mau uso do dinheiro público (19,8%), a falta de fiscalização (6,7%), crise econômica (2,3%) ou um outro motivo (2,2 %). Os que não sabem ou não responderam representam 4,4%.
Para o médico Marco Antônio Félix Matheus, 60, o desvio de verba, sobretudo em obras públicas, é o maior inimigo das contas do governo. “Toda essa questão da corrupção é desvio de dinheiro, em termo de obras públicas. Na saúde, por exemplo, a cada R$ 100 que sai de Brasília, chega apenas R$ 40 onde tem que ser investido. Então, o dinheiro vai se perdendo nesse trajeto”, conclui o médico, que defende a necessidade de uma reforma na Previdência, pois, segundo ele, a instituição corre o risco de quebrar, um problema ainda maior para a população.
“Precisa-se chegar a um valor médio que contemple a todos e que o instituto da Previdência não acabe e vá a falência prejudicando todos os trabalhadores que ficarão sem aposentadoria”.
Já para o psicólogo Carlos Magalhães, 68, a Previdência representa uma das causas do rombo nas contas, mas ele aponta que isso deve-se a desorganização. “Recebe-se muito, a arrecadação é alta, mas há um desvio de valores. A previdência é mal distribuída”, explica Magalhães. Ele ainda defende a necessidade de um estudo mais aprofundado para entender exatamente onde há esse déficit. “É necessário que se faça um estudo detalhado da melhoria da condição da aposentadoria da Previdência, mas de cima para baixo e na distribuição da renda”, defende.
Números das fraudes. De acordo com um levantamento da Polícia Federal no ano passado, em quatro anos, foram deflagradas 2.056 operações contra organizações criminosas que provocaram prejuízos estimados em R$ 123 bilhões ao país. Os números revelam que o maior rombo não é o apurado pela Lava Jato, mas o causado pelas fraudes nos fundos de pensão investigadas na operação Greenfield, que alcançam R$ 53,8 bilhões ou quatro vezes o valor de R$ 13,8 bilhões desviados pelo esquema que agiu na Petrobras.
Por Franco Malheiro - OTempo
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