Insultos sobre cor de pele, peso, trejeitos, condição social. Na adolescência, essas são algumas das características usadas para a prática de bullying no ambiente escolar. Contudo, por trás desses atos, especialistas acreditam estar um índice preocupante: o suicídio entre jovens.
Por ano, cerca de 11 mil pessoas entre 15 e 25 anos tiram a própria vida no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. O autoextermínio é a quarta causa mais comum de mortes na faixa etária. Quem trabalha na prevenção do problema defende a necessidade de debate aberto nas escolas sobre o tema.
A ideia foi defendida nessa sexta-feira, durante o 8° Simpósio Internacional de Prevenção do Suicídio, realizado pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), em Belo Horizonte. Voluntários e profissionais trocaram experiências baseadas nos atendimentos feitos a pessoas que procuraram o serviço em busca de ajuda neste momento delicado.
Por dia, 32 brasileiros se matam no país, conforme levantamento do CVV
Pedido de socorro
Uma das histórias era de um jovem do Paraná que já havia contactado o CVV 17 vezes pedindo socorro, pois pensava em tirar a vida devido aos ataques que sofria por ser homossexual.
Para Adriana Rizzo, voluntária do programa, é preciso que gestores da educação e profissionais da área pensem em formas de trabalhar o tema nas escolas, sem tratá-lo como tabu, já que faz parte dos problemas juvenis.
“Esse é o ambiente em que temos mais incidência do bullying. Isso vai gerar no indivíduo adulto uma série de coisas. Porque quem comete o suicídio tem uma história, não é algo que surge do nada”, opinou Adriana.
Ouvir e aceitar
A psicóloga Andrea Monteiro é uma das coordenadoras, em rede nacional, do Amigos do Zippy, projeto que já atendeu 283 mil crianças em 101 municípios brasileiros.
O programa é aplicado nas séries iniciais do ensino fundamental e compreende contação de histórias sobre um bicho-pau chamado Zippy que enfrenta problemas da adolescência. Exemplos são amizade, comunicação, solidão e bullying.
“Estamos falando com crianças e adolescentes de um processo de aceitação. Afinal, nessa fase é comum que os alunos tenham dúvidas, comecem a se descobrir como pessoas. E, muitas vezes, eles não têm com quem falar sobre os problemas”, afirmou Andrea.
A assistente social Kátia Dalmaz, do Rio de Janeiro, viu de perto o impacto de ações como essa em escolas do município da Lapa (PR). “Em algumas aulas, professores dedicaram tempo para que os estudantes falassem sobre o que quisessem da vida. E dali surgiram histórias maravilhosas, nas quais muitos deles compartilhavam os medos e tudo o que sofriam, muitas vezes, por atitudes de colegas da própria sala”, contou.
Por Bruno Inácio - hojeemdia
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