Os bastidores do Cruzeiro estão agitados. Não é apenas a troca de treinador – saída de Deivid – que faz com que o clube esteja em ebulição. A um ano e meio do fim do mandato, o presidente Gilvan de Pinho Tavares não tem paz e pode ganhar um concorrente à altura: o Senador da República Zezé Perrella.
O áudio em que o ex-mandatário do clube faz críticas ao trabalho de seu sucessor evidenciou o "racha" da dupla. Mas se engana quem pensa que a separação ocorreu somente devido à falta de apoio do dirigente ao parlamentar em um possível retorno à Toca da Raposa.
Obviamente a ausência de suporte de Gilvan – mesmo que implícita – desagradou o político mineiro. As divergências, porém, se estendem aos desejos do atual presidente, de acordo com o parlamentar. Zezé Perrella revela, ao UOL Esporte, que o atual mandatário do Cruzeiro pretende uma modificação estatutária no clube.
"Tenho o maior respeito ao doutor Gilvan, mas em nenhum momento ele disse explicitamente: "Não te apoio". Eu senti que não tenho apoio dele. Na verdade, ele disse: "Temos algumas outras opções dentro do clube que gostariam de ser, nós podemos mudar o estatuto e criar essa gestão compartilhada". Falei para ele que acho esse modelo um fracasso", afirmou.
"O que me preocupa é um movimento em curso, que é vontade do doutor Gilvan, de mudar o estatuto para transformar o Cruzeiro em um clube com seis presidentes. No início, há uns anos, defendi esse modelo. Mas concluí que essa gestão compartilhada foi um fracasso em Bahia, Vitória e Atlético-PR. Esse negócio de seis presidentes é um absurdo, eu jamais participaria de um negócio desses. Já fui a favor dessa tese, pensava que poderia funcionar. Mas os exemplos que tivemos têm que fazer com que isso não aconteça. Foi com o regime presidencialista que o Cruzeiro se transformou no clube mais vitorioso do Século XX", acrescentou.
O que Gilvan de Pinho propõe, de acordo com Perrella, é semelhante ao regime do América-MG – que conta com nove presidentes eleitos. O Senador da República avalia ainda que é impossível comparar o Cruzeiro ao rival de Belo Horizonte.
"É desejo do doutor Gilvan eleger seis presidentes. Eu acho que isso gera muito ciúmes e discórdia. Eu tenho muita preocupação de tentarem mudar o estatuto e criar essa gestão compartilhada com seis presidentes. O que eu defendo é que continuemos com o regime que estamos para criar um conselho consultivo, com mais seis, sete pessoas para ajudar o presidente. Mas nunca mudar um regime presidencialista e botar seis presidentes. A vaidade vai tomar conta de tudo e vai ser um fracasso total", analisou.
"Se tentarem mudar o estatuto, eu vou me opor a isso. Há muitos conselheiros que pensam como eu. Não podemos brincar com essas coisas. Não podemos pegar o América como um modelo, com todo respeito ao América, até porque o Cruzeiro é um time do mundo. Lá funciona, mas mesmo assim sei que tem briguinhas e ciúmes. É um modelo que não gostaria de ver no Cruzeiro", completou.
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