O menor índice de inflação para março desde 1994 – IPCA de 0,09% –, divulgado esta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficou para escanteio. O motivo é de deixar qualquer um sem fôlego: loucos por futebol terão que gastar 115% a mais do que em 2014 para montar o álbum da Copa do Mundo, segundo levantamento do Cuponation, plataforma alemã de descontos on-line.
Enquanto na última Copa o valor médio para ter o álbum completo girou em tono de R$ 900, neste ano o custo alcança R$ 1.938.
Para se ter uma ideia da disparidade desse aumento, o IPCA medido pelo IBGE teve elevação de 27% nos últimos quatro anos. Dessa forma, se o reajuste nos preços do álbum tivesse seguido o índice de inflação, o consumidor gastaria R$ 1.100.
O levantamento do Cuponation leva em conta o número de cromos repetidos, mas não inclui as trocas de figurinhas.
A pesquisa também aponta que para conseguir os 682 adesivos desta edição, o consumidor terá que comprar pelo menos 969 pacotes de figurinhas, por R$ 2 a unidade. Cada embalagem vem com cinco figurinhas.
Na última edição foram necessários, no mínimo, 901 pacotinhos para completar a coleção.
O álbum neste ano custa R$ 7,90 na versão comum, de capa mole. Já na versão especial, com capa dura – esgotada em diversas bancas– , sai por R$ 25,90.
No bolso
Colecionador de álbuns de futebol há mais de 20 anos, o dentista Gotardo Novais afirma que o aumento no custo do álbum fez com que ele reduzisse a empolgação neste ano.
“Já gastei 150% a mais do que na Copa passada. Apesar de faltarem poucas figurinhas para eu completar o álbum, estou mais devagar. Está muito caro”, avalia.
Economia
Apesar de a redução no IPCA de março ser comemorada pelo governo, a queda no índice pode ser reflexo do baixo poder aquisitivo da população brasileira neste momento, em que a economia ainda dá os primeiros passos para a recuperação.
“Não há estímulo suficiente. O desemprego aumentou, não há demanda pelos produtos. Com isso, o preço cai, o que faz com que o IPCA também recue”, explica o professor do Departamento de Economia da PUC Minas, Paulo Pettersen.
Procurada pelo Hoje em Dia desde o início da semana, a Panini, fabricante do álbum da Copa do Mundo, não se manifestou até o fechamento desta edição.
Trocas impulsionam movimento em restaurante no Buritis
A grande procura pelas figurinhas da Copa do Mundo fez com que empresários enxergassem, na paixão dos colecionadores, uma oportunidade de ganhar uma renda extra.
Um dos proprietários do Armazém 44, restaurante no bairro Buritis, Zona Oeste de Belo Horizonte, Cezar Vouguinha decidiu aproveitar o clima antecipado de Copa do Mundo para aumentar o movimento no local.
“Estou usando o ambiente do bar para as trocas de figurinhas. Investi R$ 500 em cromos e já recuperei o dinheiro. Comecei com mil figurinhas e já estou com 2.500. Além disso, o movimento no bar subiu muito”, conta.
O empresário oferece a possibilidade de o colecionador trocar duas figurinhas que tem por um cromo que lhe falte. Os adesivos também estão à venda: cada um sai por R$ 0,75.
Delivery
Quem não pode ir até o local não fica desamparado. Basta solicitar ao Vouguinha que ele leva as figurinhas à casa do cliente.
“Como faço o encontro apenas aos domingos, várias pessoas começaram a me chamar para pedir as figurinhas. Às vezes, até levo na casa do cliente. Tem um colecionador que já gastou R$ 350, somando as três vezes em que fui até ele”.
A febre pelo álbum da Copa faz com que, muitas vezes, o colecionador mobilize a família inteira em busca de um local para trocar as figurinhas, aumentando assim o consumo no estabelecimento.
“A questão dos contatos e as redes sociais evoluíram muito e ajudaram a divulgar o Armazém. Com isso, aproveitei o espaço e vi a possibilidade de juntar, em um mesmo ambiente, restaurante, cerveja, futebol e figurinhas. Vem dando muito certo. Enquanto os filhos trocam figurinhas, as famílias almoçam e consomem no bar”, comemora.
Por Lucas Borges - hojeemdia
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