Ela foi indicada seis vezes ao Grammy Latino e ganhou o prêmio na categoria melhor álbum de música sertaneja em 2016. Indicada 10 vezes ao Prêmio Multishow de Música Brasileira, levou para casa dois troféus de melhor cantora, um de melhor artista do sertanejo e outro de melhor show. Com 25 anos de carreira (começou aos 8 anos, em Sete Lagoas), a mineira Paula Fernandes, de 33, chegou ao topo das paradas de sucesso, mas não se manteve lá.
Divulgada no site oficial da cantora, a agenda traz apenas dois shows, marcados para 5 de abril, em Ribeirão Pires (SP), e 5 de maio, no Tom Brasil, na capital paulista. O cachê, que já superou R$ 300 mil, hoje é de cerca de R$ 80 mil. Este mês, foi cancelada a participação de Paula na novela Deus salve o rei, na Globo, que marcaria a estreia dela como atriz. A emissora atribuiu a decisão a mudança no roteiro. Crise à vista?
De acordo com produtores musicais e de eventos ouvidos pelo blog Sertanejo de Patroa, que preferem não se identificar, vários fatores afetaram a carreira de Paula. Um deles foi a ascensão de artistas sertanejas com novo perfil – Marília Mendonça, as gêmeas Maiara & Maraisa e Simone & Simaria –, cujas letras exaltam o empoderamento feminino, sem se acanhar de falar de farras e bebedeiras. Algo radicalmente diferente do romantismo “açucarado” da mineira.
Paula teria ficado antipatizada no mercado devido a atitudes que adotou. Conhecida pelo gênio forte, há queixas de que costuma evitar receber fãs e contratantes no camarim antes ou depois dos shows.
A mineira “estourou” em 2011, depois de participar do especial natalino de Roberto Carlosexibido pela TV Globo em dezembro de 2010. A dupla interpretou Eu te amo meu amor, Eu sou terrível, Eu te darei o céu, Na paz do seu sorriso, Ciúme de você e Nossa canção. Após o especial com o Rei, canções de Paula ficaram entre as mais tocadas nas rádios e ela participou dos principais programas de televisão do país. O cachê dela chegou a R$ 300 mil.
Em menos de seis meses, o álbum Paula Fernandes ao vivo (Universal), lançado em janeiro de 2011, bateu 1,25 milhão de cópias comercializadas. O projeto (CD e DVD) contou com participações especiais de Victor & Leo, Leonardo e do compositor belo-horizontino Marcus Viana. Sozinha, a mineira superou os álbuns de Caetano e Maria Gadú (140 mil cópias vendidas), Ivete Sangalo(245 mil), Luan Santana (344 mil) e Exaltasamba (250 mil) juntos.
Logo depois, Paula gravou dueto com o cantor americano Michael Bolton (o clássico Over the rainbow, que Judy Garland cantou no filme O mágico de Oz). Em 2012, a mineira gravou Long livecom a estrela americana Taylor Swift, que ultrapassou o número de downloads de Someone like you, hit de Adele, no iTunes.
Na opinião de um experiente produtor, Paula não soube lidar com a fama. “O sucesso vai e volta, mas ela acreditou que seria eterno. Começou a tratar mal as pessoas, ficou antipatizada no meio. Não cuidou da carreira como deveria cuidar, não fez novas parcerias. Pelo contrário, rejeitava a maioria delas. Não recebia bem os fãs e todo mundo foi criando antipatia. Agora ela está tentando se reerguer, mas acho que é tarde”, afirma ele.
Atualmente, o cachê da mineira é de cerca de R$ 80 mil, informam produtores. Marília Mendonça e Maiara & Maraisa, as novas queridinhas do sertanejo, cobram R$ 230 mil e R$ 210 mil, respectivamente. O cachê da dupla Simone & Simaria chega a R$ 300 mil. Em março, a agenda oficial de Marília lista 15 shows. Maiara e Maraisa têm 16 apresentações marcadas, enquanto as irmãs juradas do programa The voice kids têm 11 shows programados até 14 de abril.
Produtores comentam que, mesmo com cachê mais em conta, a demanda por shows de Paula Fernandes é pequena. “Não adianta contratar se não vende ingresso. Não vamos fazer um investimento desse porte para levar prejuízo. É preferível contratar artistas mais caras, mas que lotam o espaço e dão retorno garantido”, explica um deles.
Entre os erros de Paula, aponta-se a saída dela do escritório Talismã Music, do cantor sertanejo Leonardo. Em junho de 2012, a mineira recorreu à Justiça para rescindir o contrato com a empresa, que a representava desde 2008. A Talismã alegou ter direito a percentagens sobre shows e ações de publicidade com a cantora até 2014. Por outro lado, Paula avisou que, a partir de novembro de 2012, não faria mais parte do casting da Talismã.
Ao participar do programa Domingão do Faustão, a mineira declarou que o rompimento profissional com Leonardo havia sido a “melhor coisa” para ela, que decidira tomar as rédeas da própria carreira. O conflito, que rendeu muitas alfinetadas de ambos os lados, só teve fim quando ela deixou a Talismã depois de uma decisão judicial.
“Paula achou que daria conta sozinha e perdeu muitos parceiros. Quando você perde isso, as coisas começam a complicar. A saída dela da Talismã foi um tiro no pé. É um escritório bem relacionado, que fez grandes cantores”, afirma outro produtor. “Todo escritório tem uma sala onde os compositores se reúnem para as audições, eles são a alma da música, mas ela nem entrava ali. Não fazia questão de tratar bem nenhum compositor e eles foram ficando de saco cheio”, diz.
METEORO – Eduardo Pepato, produtor musical de Marília Mendonça e de Maiara & Maraisa, entre outras revelações do sertanejo feminino, acha que faltou “reinvenção” à carreira da cantora mineira. “No início, o trabalho dela foi tão meteórico quanto o das meninas, mas Paula não conseguiu manter e renovar o repertório. Na época dela, o que fazia sucesso era aquela música mais calma, num estilo mais meloso, mais romântico. Porém, as coisas vão mudando”, observa Pepato.
“Marília, por exemplo, hoje é muito mais madura do que quando a gente gravou o primeiro DVDdela, acústico, aqui no estúdio. Com o tempo, o artista entende que não tem como manter o mesmo nível comercial sempre, as músicas passam a ser mais a cara dele. Acho que a Paula não teve o estalo para mudar a chave”, analisa Pepato.
De acordo com o experiente produtor musical, a agenda é um indício de que algo está errado na carreira de um artista. “Se não tem muitos shows marcados, podemos dizer que algo não está funcionando. Hoje, temos cantores que não estão no topo das paradas, apesar de anos de carreira. É o caso de Chitãozinho e Xororó e Zezé di Camargo e Luciano, por exemplo. Mas eles têm pelo menos oito shows na agenda mensal. E sempre lotam os espaços”, pondera o produtor, que já trabalhou com Bruno & Marrone, Gusttavo Lima, Luan Santana e Henrique & Juliano.
NOTA – No início de 2017, Paula Fernandes disse ao apresentador Faustão que a situação econômica do país afetou sua agenda de shows de 2016, classificado por ela como “ano atípico”. Procurada pelo EM, a cantora não quis dar entrevista. Por meio de sua assessoria de imprensa, enviou uma nota afirmando que está se dedicando a novo projeto.
“A Paula vai estrear uma turnê nova. Vai ser linda! Chamada Jeans, não sei se você viu nas redes sociais dela! Ela está superfocada na produção, concepção artística e ensaios! Além da produção da turnê, Paula está em estúdio gravando um EP. Várias canções novas! Com isso a agenda está bastante comprometida com essa preparação artística. Logo vem muita novidade!”, diz o texto.
Por blogs.uai
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