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Cientistas defendem a divisão do diabetes em cinco tipos, e não dois

Estudo indica que três das variáveis da doença seriam mais graves

12/03/2018 às 15h42 Atualizada em 12/03/2018 às 15h48
Por: Redação Fonte: Da redação com OT
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Esperança. Autores acreditam que classificar o diabetes em cinco tipos facilitaria o tratamento e o controle da doença
Esperança. Autores acreditam que classificar o diabetes em cinco tipos facilitaria o tratamento e o controle da doença

Pesquisadores sugerem a criação de cinco subgrupos (três graves e dois moderados) para o diabetes – e não dois como é hoje. O estudo, realizado por cientistas da Suécia e da Finlândia, foi publicado na última semana na revista “The Lancet Diabetes and Endocrinology”.

Segundo os cientistas, as cinco variáveis da doença são geneticamente distintas e, por isso, não significam estágios diferentes da mesma doença. Além disso, elas estão associadas a variadas características e complicações.

“Adotar esse conceito pode orientar a escolha da terapia e ajudar a identificar pacientes com alto risco de complicações diabéticas”, disse a autora principal da pesquisa, Emma Ahlqvist, da Universidade de Lund, na Suécia, à revista “MD”.

A cientista falou da descoberta. “Os pacientes com diabetes isquêmica com deficiência de insulina grave e grupos de diabetes resistente à insulina severa começam a desenvolver complicações (retinopatia e nefropatia, respectivamente) em uma fase muito precoce da doença e identificando esses pacientes já no diagnóstico e dando-lhes o máximo um tratamento adequado poderia, portanto, ajudar a prevenir complicações”, afirmou.

Os pesquisadores usaram quatro estudos diferentes, desde 2008, para acompanhar 14.775 pacientes, acima dos 18 anos, recém-diagnosticados com diabetes na Suécia e na Finlândia. Foram analisadas seis medidas usadas para monitorar pacientes com diabetes: idade no início da doença; índice de massa corporal; controle de glicemia a longo prazo; resistência à insulina; secreção de insulina e presença de anticorpos associados a doenças autoimunes. Além disso, foram também realizadas análises genéticas; da progressão da doença; do tratamento e do desenvolvimento de complicações diabéticas.

O maior grupo – de nível moderado – foi observado em pessoas idosas, afetando de 39% a 47% dos pacientes. A outra forma leve foi identificada em pacientes obesos que adoecem ainda jovens, representando entre 18% e 23%. “É provável que os pacientes do grupo com deficiência de insulina grave se beneficiem do tratamento precoce com insulina e os pacientes no grupo resistente à insulina severa precisem de tratamento com foco no aumento da sensibilidade à substância”, acrescentou Ahlqvist.

 

Pesquisa abre novos horizontes de terapia

De acordo com o endocrinologista Paulo Augusto Miranda, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), o estudo é um passo inicial e importante para garantir uma qualidade maior no tratamento dos pacientes e no diagnóstico precoce de complicações que costumam aparecer devido à doença.

“Já observamos há algum tempo que os portadores do tipo 2 podem ter diferentes comportamentos metabólicos, clínicos e genéticos, sendo que a classificação da doença é única para todos eles. Uma classificação mais individualizada vai permitir que atuemos de forma direta onde for necessário, de acordo com cada caso”, esclarece.

No entanto, para resultados mais conclusivos, Miranda afirma que novas pesquisas devem ser realizadas em outros lugares. “Esse estudo levou em conta a população nórdica. Precisamos de análises que abranjam outras populações para garantir maior precisão”, diz.

Flash

Dados. Dados do Vigitel, pesquisa do Ministério da Saúde, mostram que o número de pessoas
diagnosticadas com diabetes em todo o país cresceu 61,8% em dez anos. Em 2006, 5,5% da população tinha a doença. Em 2016, esse número foi de 8,9%.

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