A imposição de altas tarifas às importações de aço e alumínio pelos Estados Unidos ameaça a retomada do setor metalúrgico de Minas Gerais, que, após três anos em queda, vinha se recuperando desde 2017. O alerta é do superintendente de ambiente de negócios da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Guilherme Velloso Leão. Segundo ele, o Estado é responsável por quase 30% das vendas externas de aço pelo Brasil. No ano passado, as exportações de produtos metalúrgicos de Minas somaram US$ 5,3 bilhões. Desse total, 12,2% tiveram como destino o país norte-americano.
A medida do governo de Donald Trump coloca em risco um setor responsável por cerca de 15% da estrutura industrial do Estado, e que contabilizou em torno de 56,5 mil empregos em Minas Gerais, representando 28% do total brasileiro, distribuídos entre 546 empresas instaladas no Estado. No ano passado, mesmo com queda de 3,6% no faturamento do setor metalúrgico em Minas, a atividade gerou 1.127 empregos em Minas Gerais e 2.472 no Brasil.
A entidade alerta que a medida ocorre num momento em que a metalurgia brasileira esboça recuperação, depois de intensas quedas registradas na produção industrial entre 2014 e 2017, sendo 16,7% no Brasil e 10,9% em Minas Gerais.
Para o economista, como a sobretaxa entra em vigor em 15 dias, é possível que nesse período as autoridades brasileiras possam negociar e conseguir a isenção das tarifas, tendo em vista que 80% das exportações da siderurgia brasileira para os Estados Unidos são de produtos semiacabados, que servem de insumos para as próprias siderúrgicas norte-americanas.
Procurada pela reportagem, a Usiminas se manifestou por meio de nota. A siderúrgica informou que as novas medidas anunciadas pelo governo dos Estados Unidos não devem ter impacto relevante para a empresa, uma vez que o país respondeu por 4% das vendas externas da companhia no ano passado e 1% no quarto trimestre de 2017. A Usiminas ressaltou que destina apenas 15% de suas vendas totais ao mercado externo.
“De qualquer forma, as barreiras tarifárias impostas pelos Estados Unidos já trouxeram impactos no passado às exportações da Usiminas. Entretanto, a partir de 2016, a empresa buscou outros mercados, em especial, na Europa e na América Latina. Embora não impactada diretamente no curto prazo por essas medidas, a Usiminas repudia de forma veemente este tipo de medida, que prejudica o livre comércio no mundo e os interesses do Brasil e espera que o país busque medidas que garantam isonomia nas relações comerciais internacionais”, diz a empresa em trecho da nota.
Berlim, Alemanha. Aliados e adversários de Washington denunciaram na sexta-feira (9) a guinada protecionista norte-americana e um ataque contra o livre comércio após o anúncio de Donald Trump sobre a controversa tarifação sobre aço e alumínio, que faz temer uma guerra comercial internacional.
“Observamos com preocupação o aumento das taxas sobre alguns produtos”, afirmou Angela Merkel, chanceler da Alemanha, um dos principais exportadores do mundo.
“Trump isola seu país, contra a opinião de seu partido, de diversas empresas e de economias”, afirmou antes a ministra alemã de Economia, Brigitte Zypries.
Os aliados francês e britânico também criticaram as medidas norte-americanas, enquanto a China, segunda maior economia mundial, denunciou “um ataque deliberado ao sistema comercial multilateral”. União Europeia e China criticaram sobretudo o argumento usado por Trump, de defesa nacional.
Brasília. O secretário executivo do Ministério da Fazenda, Eduardo Guardia, avaliou nesta sexta-feira que a decisão dos Estados Unidos em sobretaxar o aço e o alumínio importados pode desencadear uma “guerra comercial” da parte também de outros países, que irão disputar outros mercados entre si para suprir a redução das vendas para os EUA. “O governo dos EUA está criando uma barreira comercial em um ambiente de pleno emprego para defender setor que está com a capacidade sobrecarregada. Todos vemos com muita preocupação esse tipo de decisão”, disse.
Mais sobre o setor
Novas taxas para o produto entrar nos EUA:
Aço +25%
Alumínio +10%
Prejuízo estimado para as exportações brasileiras:
US$ 3 bilhões nas exportações de ferro e aço
US$ 144 milhões nas de alumínio
De onde os EUA, maior consumidor mundial, importam aço (dados de 2017):
Canadá: 5,8 milhões de toneladas
Brasil: 4,7
Coreia do Sul: 3,7
México: 3,2
Rússia: 3,1
Turquia: 2,2
Japão: 1,8
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