arco Antônio Pereira foi ao cinema pela primeira vez aos 18 anos, em Belo Horizonte, quando deixou a cidade onde nasceu, Cordisburgo, na Região Central de Minas Gerais, para estudar jornalismo.
E a experiência de vida tardia fez com que o amor pela sétima arte aumentasse ainda mais. Atualmente com 30 anos, Pereira está na produção do terceiro curta-metragem, mas foi por causa do segundo, “Alma bandida”, que os holofotes acenderam para o trabalho dele.
Entre mais de 7 mil produções, o filme foi um dos 20 escolhidos para integrar a programação do Festival Internacional de Cinema de Berlim, conhecido também como Berlinale, um dos mais importantes da Europa e do mundo. Produções de 18 países fazem parte da mostra Berlinale Shorts.
A mostra internacional realizada em Berlim, na Alemanha, será de 15 a 25 de fevereiro, e exibirá 22 filmes. Desses, 20 concorrem à grande premiação: Urso de Ouro, de Prata e 20 mil euros em dinheiro.
“Recebi um e-mail da curadoria do festival informando que o meu filme tinha sido um dos escolhidos. Eu nem acreditei. Para você ter ideia eu conseguir até ler em alemão”, disse, em tom de brincadeira.
Ele disse que se inscreveu no fim de outubro do ano passado e que o filme havia sido produzido no mesmo mês. O curta tem 15 minutos de duração e teve um orçamento de R$ 1,2 mil.
“Só de estar participando já é demais. Agora preciso de patrocínio para ir ao festival”, disse Pereira, que está ansioso pela primeira exibição mundial de a “Alma bandida”. Ele falou ainda que tem outro sonho para daqui a alguns anos – ganhar a Palma de Ouro em Cannes, na França.
O diretor Marco Antônio Pereira é natural de Cordisburgo (Foto: Marco Antônio Pereira/Arquivo Pessoal)
O filme conta a história de um rapaz que é cantor de funk e que quer se casar com a namorada, que parece não estar na mesma vibe. Outro desejo dele é comprar um carro popular. Se houve o casamento, o cineasta disse que é preciso assistir ao filme para saber.
Para roteirizar, ele acompanhou durante seis meses a vida de seis adolescentes. “Apesar disso, o filme é uma ficção”, salientou. “Quero fazer um cinema que seja novo. Eu posso arriscar e errar feio, mas quero fazer filmes diferentes, narrar de forma diferente”.
Marco Antônio trabalha com uma câmera semiprofissional – com três lentes e um tripé –, e um computador para editar e tratar o som e as imagens.
“’Alma bandida’ é uma metáfora do Brasil que caiu no buraco, do brasileiro que sofre muito, mas que não deixa de acreditar, que luta pelos seus sonhos. O brasileiro é um povo muito guerreiro, honesto”, definiu o diretor.
Ele contou que trabalha com cinema há cerca de dez anos, mas que retomou a carreira em julho de 2017. Depois de morar em Belo Horizonte, São Paulo, Campinas e Nova York, Pereira voltou a Cordisburgo para rodar o curta-metragem.
Fael encosta nos cavalos do monumento Portal de Cordisburgo (Foto: Marco Antônio Pereira/Divulgação)
O primeiro trabalho de Marco Antônio foi “A retirada para um coração bruto”, curta selecionado para participar do Festival de Cinema de Tiradentes 2018. O terceiro, “Teoria sobre um planeta estranho”, está em fase de finalização.
“O cinema para mim é uma ferramenta para encontrar as pessoas, tentar construir algo novo no mundo. Quero contribuir com o Brasil”, disse.
Ficha técnica
“Alma bandida”
Diretor, editor, roteirista, cinegrafista, pós-produtor, operador de som: Marco Antônio Pereira
Produtora: Ariane Rocha
Atores: Rafael Iago (Fael), Dandan Oliveira (amigo 1), Felipe Oliveira (amigo 2), Daniel do Morro (amigo 3) e Samanta Batista (namorada do Fael)
Produção improvisada na filmagem do curta 'A retirada para um coração bruto' (Foto: Marco Antônio Pereira/Divulgação)
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