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Grupos de WhatsApp que integram lojistas e PM ajudam a reduzir a criminalidade no comércio

Redes já se forma no interior

04/01/2018 às 09h30 Atualizada em 04/01/2018 às 09h39
Por: Redação
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Foto: Mariela Guimarães
Foto: Mariela Guimarães

Sempre que vê alguma movimentação estranha perto de sua agência de viagens, a Solaz Turismo, em Bom Despacho, no Centro-Oeste de Minas, a empresária Maria Cláudia Tiradentes Gontijo aciona o grupo de WhatsApp no qual estão outros comerciantes e policiais militares. A troca de informações e de orientações rápidas aumenta a sensação de segurança e ajuda a prevenir arrombamentos, roubos e outros tipos de crimes no comércio. A estratégia – chamada de Rede de Comerciantes Protegidos – já é conhecida na capital e vem ganhando força também no interior.

Cidades como Araguari, no Triângulo, Juiz de Fora, na Zona da Mata, Três Pontas e Poços de Caldas, no Sul do Estado, e Barbacena, no Campo das Vertentes, já têm suas redes, que integram empresários e policiais militares para reduzir os índices de criminalidade. Em Barbacena, a iniciativa chegou em maio e já conta com 250 integrantes. “A rede aumenta cada vez mais porque reduz a sensação de insegurança dos empresários da cidade”, diz o presidente do Sindicato do Comércio (Sindicomércio), Osvaldo Fernandes Júnior.

Em Bom Despacho, de acordo com a Câmara de Dirigentes Lojistas e Associação Comercial e Industrial da cidade (CDL/Acibom), será preciso trocar o aplicativo – o WhatsApp pelo Instagram – para comportar o número de interessados. O grupo atual já tem os 256 integrantes permitidos pelo aplicativo. Na cidade, a iniciativa foi criada há cerca de um ano.

Belo Horizonte. De acordo com a PM, em Belo Horizonte já são centenas de redes, divididas por bairros e, em alguns casos, até por ruas. É o caso da rua Pium-í, no Sion, na região Centro-Sul. A proprietária da loja de roupas Valerie, Valéria Ferreira da Silva, diz que a via é muito movimentada e que a integração entre os vizinhos torna a prevenção mais eficaz. “A colaboração aumenta a proteção de todos”, afirma. As redes da capital serviram de inspiração para os grupos criados no interior.

É a mesma sensação que tem o sócio do restaurante Tia Zarica, no bairro Floresta, Marcelo Andrade Soares. Há cerca de dois anos ele integra o grupo do bairro e diz que a rede é um elemento que ajuda na segurança. “Temos câmeras, alarme, e a rede é mais um fator. Não quer dizer que vai evitar um assalto, mas é uma precaução a mais”, diz.

Para o capitão Cristiano Araújo, que está à frente da Sala de Imprensa da PM, a troca de informações torna as abordagens mais eficazes e faz a insegurança mudar de lado. “O trabalho integrado resulta em sensação de insegurança e de instabilidade por parte do infrator, que sabe que terá mais dificuldades para cometer delitos”, afirma.

Vizinhos

Inspiração. As redes de comerciantes são inspiradas em estratégias similares de moradores. Os primeiros grupos de vizinhos protegidos foram criados em 2004 e, hoje, estão em toda a cidade.

Grupos aumentam vendas

Comerciantes e prestadores de serviço de bairros também adotam os grupos quando a intenção é se aproximar do cliente e divulgar seus produtos diretamente para o público-alvo. Foi assim que os irmãos Sheilla Santos Villela, 41, e Herbert Santos, 35, conseguiram os primeiros clientes para a loja Aqui é Festa, inaugurada há cerca de um mês no Buritis, na região Oeste de Belo Horizonte. “Quase todo mundo chegou falando que viu em algum grupo ou foi informado por alguém que viu em um grupo”, conta Sheilla.

A Divina Pizza também usou as redes sociais para informar quando deixou as praças de alimentação dos shoppings e abriu sua primeira loja de rua. “Muita gente veio porque viu os posts”, diz o proprietário Orlando Gallinari Filho.

Os grupos, neste caso, não são voltados para segurança e reúnem moradores e frequentadores dos bairros. Agilidade, baixo custo e o recorte regional são os principais pontos a favor, diz a analista do Sebrae Minas Luciana Lessa.

Administradora de seis grupos de bairro, o maior deles com 44 mil integrantes, Isabella Abreu diz que nos grupos, os consumidores sempre acham o que precisam. “É possível encontrar produtos sem precisar sair para procurar. Os grupos vieram para fortalecer o comércio local”, diz. Ela completa que o retorno é sempre positivo para os dois lados, como economia de tempo e dinheiro pelo consumidor, e fidelização do cliente pelo comerciante.

Trabalho reduz casos em até 80%

O primeiro grupo de comerciantes protegidos de Belo Horizonte foi implantado na Savassi, na região Centro-Sul, em outubro de 2014. O vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas da capital (CDL-BH), Marco Antônio Gaspar, diz que, na época, havia uma onda de roubos, furtos e arrombamentos nas lojas da região. Segundo dados divulgados pela Polícia Militar na ocasião, em um mês, as ocorrências caíram 40%.

A PM diz que não há dados precisos sobre a queda da criminalidade, mas estima que, em locais onde as redes funcionam efetivamente, o volume de ocorrências caia até 80%, em grande parte porque os crimes são evitados.

O capitão Cristiano Araújo explica que informações sobre movimentações suspeitas ou sobre pessoas que já foram identificadas cometendo delitos por câmeras de circuitos internos das lojas ajudam no planejamento das ações da PM. “Esse trabalho em rede resulta em mais eficácia na prevenção”, afirma.

O empresário Marcelo Soares afirma que o grupo reduz a insegurança coletiva “Qualquer coisa que a gente pode implementar a mais ajuda e melhora um pouco a sensação de insegurança”, afirma.

Saiba mais

Quem participa. Os grupos têm participação da PM e de comerciantes locais. Podem reunir lojistas de uma cidade, de um bairro ou de uma rua.

Como funciona. O objetivo é trocar informações e tornar as ações mais rápidas e efetivas. Os participantes informam sobre movimentações suspeitas e discutem estratégias de prevenção e combate à violência no bairro onde estão instalados.

Resultados. De acordo com a PM, nos locais onde as redes funcionam bem, o índice de criminalidade nos comércios pode ser reduzido em até 80%.

Por Ana Paula Pedrosa - OTempo

 

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